Trabalhadores e trabalhadoras de Volta Redonda (RJ) vão às ruas protestar contra a poluição

Por Repórter Popular – RJ

No último dia 21 de julho, trabalhadores e trabalhadoras de Volta Redonda foram às ruas para protestar contra a poluição na cidade causada pelas substâncias tóxicas produzidas pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

Ocupando a Praça Brasil, a população luta por uma melhora na qualidade de vida. O ato seguiu até a praça Juarez Antunes e foi finalizado com um abraço coletivo no Escritório Central, simbolizando que a CSN deve pertencer ao povo.

O ato foi composto por diversas entidades de classe, movimentos sociais e independentes, tomando a rua como uma forma de mostrar a indignação da população. Mesmo tendo consciência do poder da Companhia e a importância que ela tem para a cidade, os manifestantes defendem que não se deve recuar da reivindicação, pois é cada vez mais evidente que a saúde dos trabalhadores e trabalhadoras tem sido fatalmente afetada, principalmente nos bairros mais precarizados, para onde a população pobre foi sendo propositalmente direcionada. Estudos demonstram que os níveis de poluição são maiores onde vive o povo pobre, como se pode ver pela imagem abaixo.

Fonte: Peiter, Paulo, and Carlos Tobar. “Poluição do ar e condições de vida: uma análise geográfica de riscos à saúde em Volta Redonda, Rio de Janeiro, Brasil.” Cadernos de Saúde Pública 14 (1998): 473-485.

Diante desse cenário, manifestantes apontaram que o único caminho é a mobilização nas ruas e que se impõe que a unidade entre o mais amplo conjunto da classe trabalhadora seja forjada. Em sua visão, essa união deve ser formada num primeiro momento entre a própria população da cidade, mas uma vez que os problemas ambientais atingem a classe trabalhadora em todo o mundo, que essa unidade que nasce em Volta Redonda deve se expandir.

Fala trabalhadora!

Uma vez que tenha ficado demonstrado que os trabalhadores e trabalhadoras são os grandes afetados pela poluição, nós do Repórter Popular realizamos entrevistas durante a manifestação a fim de captar diretamente dos atingidos como a poluição tem impactado em suas vidas.

Em todas as entrevistas as reclamações estão relacionadas ao pó preto e aos problemas respiratórios, principalmente em idosos e crianças, mas até mesmo em animais.

Todos também apontam a necessidade de controle social sobre a fábrica para que essa situação seja interrompida e o povo de Volta Redonda possa ter uma vida com dignidade.

Nesse sentido transcrevemos trechos da entrevista feita com Lunar, uma trabalhadora autônoma que atua nas ruas em meio à poluição:

“[…] Na minha casa, há muito tempo, antes mesmo de eu saber sobre a siderúrgica e a poluição, minha avó dizia que a sujeira do quintal vinha da siderúrgica, era muito pó preto […]”

“[…] Eu me sinto muito afetada nos dias que venho pra aula, quando eu volto noto que estou um pouco mais pesada, dependendo de quanto tempo eu passo na cidade, a minha qualidade respiratória fica bem precarizada, eu sinto conforto em usar máscara quando estou aqui […]”

“[…] Minha professora tem um filho pequeno que frequentemente ficava doente, com problemas respiratórios e o médico disse que a solução para a saúde da família dela era mudar de Volta Redonda, e ela realmente acabou se mudando mesmo, e fico feliz que agora a criança dela vai poder ter uma saúde respiratória mais aceitável, mas eu não acho justo que a gente precise se mudar de onde a gente está para poder respirar […]”.