Documento final do GD Educação
Somos estudantes, professores, educadores e militantes de bairros e periferias que, contrários ao modelo de educação vigente lutamos pela sua transformação desde cada espaço em que atuamos e pela construção de práticas educativas vinculadas as demandas dos de baixo, dos movimentos sociais e bairros populares.
Entendemos que o sistema de ensino atual encontra-se, em maior ou menor medida, atrelado a uma lógica de mercado em que o conjunto de espaços e instituições responsáveis pela educação de crianças, jovens e adultos nas suas distintas etapas é nada mais que uma mercadoria passível de lucro. Além do mais, trata-se de um sistema educativo hierarquizado e desigual, em que aos pobres e filhos da classe trabalhadora se reserva um tipo de ensino e aos de cima, aos opressores é reservado outro tipo. Ambos são funcionais ao capitalismo e sua ânsia de lucro, embora sejam desiguais em seu acesso e permanência.
Na educação básica a exigência é de conclusão dessa etapa à toque de caixa, independente da qualidade do ensino, pois o que conta é atingir os índices internacionais. Nas universidades, grandes dificuldades de acesso e permanência, sejam nas privadas ou nas públicas. Filtros como o vestibular, as mensalidades caras, bolsas com valores muito baixos, poucas vagas nas casas de estudantes ou mesmo sua ausência, etc., são alguns dos empecilhos para os estudantes pobres. É que não se trata de educar para transformar ou para pensar e agir de forma reflexiva e autônoma, mas sim de cumprir os roteiros estipulados pelas empresas e pela iniciativa privada.
Deste modo, tanto a luta estudantil e sindical nas escolas e universidades de resistência e defesa dos direitos conquistados e em defesa de uma educação realmente pública, popular e de qualidade, quanto a luta dos educadores populares e militantes de bairros e periferias junto aos movimentos sociais, associações de moradores e comunidades em geral com a construção de espaços auto-geridos, sejam eles cursinhos populares, bibliotecas sociais, alfabetização e cirandas, são importantes e complementares na luta pela transformação social no âmbito da educação. Apostamos em uma luta em que contribuam diferentes atores desde diferentes lugares de atuação e que estas perspectivas possam confluir estrategicamente a partir de um horizonte comum.
Assim, é necessário que desde nossas organizações possamos criar espaços de convergência e articulação para compartilharmos nossos debates e pensarmos agendas de luta e perspectivas comuns. Necessitamos manter comunicação permanente entre as organizações que compuseram o GD de Educação desse XI ELAOPA e aprofundar o nosso debate acerca do papel da educação popular em uma estratégia de transformação social. Por fim, articular o debate da educação com o debate de gênero e transporte.