Algumas vezes ao longo deste ano comentei ou sobre a importância – e como são boas! – das salas de cinema independente ou sobre os filmes que foram exibidos nestas salas. As famosas mostras de cinema apresentam filmes que não são acessíveis em salas comerciais de shoppings, por exemplo, além de recuperarem filmes mais antigos que, por óbvio, não seriam exibidos nos cinemas por não serem lançamentos.
Vou comentar brevemente algumas das boas coisas que passaram por aqui em Porto Alegre, mas para o pessoal que não é daqui, fica a dica da sala de cinema do CCBB em São Paulo, o Cine Belas Artes também em SP e do Cine Passeio em Curitiba – este não é exatamente uma sala de cinema independente, mas é cinema de calçada com charme do início do século 20.
A Sala Redenção, no Campus central da UFRGS, apresentou uma mostra muito boa sobre cinema dos anos 80 – que exibiu desde Akira a Veludo azul, passando por outras obras muito boas. Akira é um anime distópico muito interessante que mexe com realidades paralelas em um mundo pós-apocalíptico com convulsão social. Veludo Azul, o clássico de Lynch, é um filme noir sobre uma investigação de um crime num bairro da burguesia americana.
A Nova Holywood também, aquela retomada do cinema estadunidense nos anos 70, foi pautada na Sala, algumas sessões em parceria com o Clube de Cinema de Porto Alegre. A grande atração, para mim, foi Operação França, grande filme que foi assunto aqui na coluna, sobre uma história real de investigação e tentativa de prisão de um grupo de traficantes internacionais.
Já teve mostras aqui sobre o Tarkovski, o mestre russo; sobre a nouvelle vague japonesa; sobre Martin Scorsese; e recentemente, uma sobre o realizador italiano Pier Paolo Pasolini, na qual assisti o belo filme Decameron. Enfim, as salas de cinema independente – e é preciso considerar que estamos bem atrás de São Paulo no que tange às mostras – trazem à tona uma experiência cinematográfica diferente, em que se vive o cinema e se comunga algo com os outros. É uma sessão viva. Valorizemos e apoiemos as salas independentes. Elas são o futuro do cinema, pois são elas que manterão acesa a chama das sessões, em tempos de streaming e internet.
Rodrigo Mendes