Esses dias, eu e a minha esposa em casa testamos o DVD que temos com uma seleção de curta-metragens do Georges Méliès. Embora os irmãos Lumière tenham inventado o cinematógrafo – a tecnologia que permitiu gravar planos em sequência, fotografando-os um a um numa velocidade de 24 FPS (frames per second em inglês), 24 fotos (quadros) por segundo -, quem é considerado o pai do cinema é Méliès.
Por que?
Foi o diretor francês que fez dessa técnica (o uso do cinematógrafo) obra de arte. Antes de Méliès havia gravações de imagens, depois dele temos filmes. A famosa gravação de 11 segundos de um trem chegando de volta a uma estação foi a primeira manifestação do que depois viria a ser a sétima arte. A partir de então, a nova arte é analisada enquanto uma arte sob sua ótica particular, com as especificidades da forma Cinema, é claro, assim como acontece em todas as outras, a Literatura, a Escultura, a Pintura, a Dança, o Teatro e a Música.
Vimos apenas fotos dos curtas numa seção de “Extras” do DVD, não vimos aos filmes propriamente, mas em 4, 5 minutos as imagens já são capazes de transpor o telespectador para outro mundo, para dentro daquele objeto ficcional. Os cenários, a mise-en-scene (movimentação dos atores na cena/no palco), a história criada e tornada viva através daquela arte ali encenada…
Tudo isto é que torna o cineasta francês o pai do cinema. Ele criou pequenas narrativas, enredos que eram filmados, representando e extrapolando a vida real e a fantasia. É dele o famoso Viagem à lua, 1902 (Le voyage dans la lune em francês), cuja lua do título é representada esteticamente como uma torta com rosto, que uma hora tem seu olho direito sobreposto pelo foguete espacial. Lá começava o gênero de ficção científica.
Alguns de seus curtas, inclusive o dos irmãos Lumière, podem ser encontrados no Youtube.