Por CUAPI – Coletivo Urbano em Apoio aos Povos Indígenas
“E deixo estes versos ao meu país se e que temos o direito de renascer, quero um lugar onde o preto é feliz”
Carolina Maria de Jesus
06 de maio e 10 de Maio de 2021.
Ambas as datas marcadas pela violência do neocolonialismo sob a vida de negros e negras, palestinos e palestinas e Yanomamis.
No dia 06 de Maio pelo menos 25 vidas negras foram brutalmente arrancadas em Jacarezinho (RJ). Já no dia 10, outros dois atentados a vida dos povos ocorreram: Um ataque covarde a tiros a principalmente à mulheres e crianças Yanomami em Roraima e horas mais tarde, pelo menos 30 palestinos são mortos em um bombardeio na Faixa de Gaza.
O que estes acontecimentos têm em comum? São provenientes de séculos de dominação colonial – européia que resultaram no surgimento dos Estados-nação atuais. De um lado a chacina em Jacarezinho representando toda a brutalidade do estado e do pensamento colonial-escravagista sob vidas negras, de outro, a invasão e violência em territórios indígenas e bombardeio à palestinos durante a sagrada prece de Ramadã que ocorria dentro de uma mesquista, são todas ações de genocídio aos povos originários destas terras preenchidas por fronteiras imaginárias disparadoras da violência contra a cultura, religião, língua e existência daqueles que vieram e se cultivaram nas origens de seu povo e nas raízes ancestrais da terra.
África, América Latina e Oriente Médio: Alvos históricos da expansão colonial – européia, imperialista, atualmente capitalista e de estados nacionais que em seu processo de dominação destroem a ancestralidade e origem destes povos até os dias de hoje, paramentados da idéia de “defesa” e “segurança” militarizadas desencadeadas pela força de estado sob aqueles que detém as origens da terra.
Para os curdos, enfrentamos a 3ª Guerra Mundial no Oriente Médio, para os Zapatistas, nos encontramos na 4ª Guerra Mundial, Ailton Krenak analisa a colonização como uma guerra sem fim impressa aos povos originários, e Frantz Fanon declara o sepultamento da originalidade cultural quando o povo é colonizado, mas o fato que une todas estas perspectivas é que estas guerras avançam destruindo territórios e os despovoando, tomando sua autonomia, culturas, identidades, raiz, história e memória como o fizeram no passado.
Se a violência dos Estados-nação avança sob os povos, devemos avançar também em algo que liga a todos: Somos internacionalistas e a solidariedade entre os povos deve ser nosso guia em tempos de violência colonial. Ainda hoje uma mulher palestina pertencente a um coletivo de nativos americanos fala ao vivo para o mundo no Instagram, sobre o dia que viu em um acampamento indígena nos Estados Unidos flamular ao horizonte a bandeira da Palestina. A militante comenta ainda sob como os povos palestinos viviam em paz antes do avanço dos Estados-nação e como um pensamento e um modo de vida enraizado dentre estes povos pensa o mundo sempre 7 gerações a frente, se transportarmos isso para o Brasil e África, veremos que muitas povos originários, de etnias variadas ensinarão sobre pensar o futuro das gerações.
É preciso solidariedade e superar as fronteiras. Para isso dizem os curdos: “[…] Porque de internacionalismo poderíamos falar se não sentíssemos amor pela história e pela luta da terra a qual pentecemos? […] O amor por nossa terra, nossa história, nossa cultura, nos permitirá desenvolver um amor por outras terras, histórias e culturas, um amor que é profundo e realmente necessário para levar a luta a um bom termo”