8M – Cuiabá é marcada por intervenção pela vida das mulheres, auxílio emergencial, vacinação em massa, empregos e vida digna!
Neste 8 de março, mulheres marcaram sua luta nas ruas de Cuiabá/MT. Por conta do quadro grave de COVID-19 no estado e a falta de leitos na UTI, o ato reuniu um número simbólico de pessoas, respeitando os cuidados necessários. As mulheres saíram da praça Maria Taquara (única com nome de mulher no centro da cidade) e caminharam pelas ruas, praças e avenidas, rebatizando seus nomes. Ao término, vestiram os bustos dos dez governadores do estado de Mato Grosso, todos homens, com camisetas e rostos de lutadoras. Mais de 14 mulheres foram lembradas!
As ruas e praças da cidade, o que se repete em todo o estado, representam, atualmente, décadas de exploração do povo, homenageando homens que estiveram no poder e /ou que enriqueceram às custas do povo mato-grossense. Assim, vemos nomes de muitos coronéis, ditadores e barões do agronegócio – Tenente Coronel Duarte (rua), Presidente Médici (escola), André Maggi (terminal de ônibus), por exemplo. Suas políticas e capital colocaram em prática e mantiveram o genocídio de povos indígenas, a escravização de negras e negros, a tomada de nossas terras que foram entregues às famílias de exploradores que hoje são bilionárias, o assassinato de lutadoras e lutadores, a miséria e o machismo. Hoje, simbolicamente, ocupamos as ruas e as praças da cidade para dizer que esses homens não nos representam, que são o símbolo de um estado patriarcal, opressivo e de um sistema que nos explora e suga nosso suor e saúde. Hoje, substituímos seus nomes por nomes de mulheres que nos antecederam na luta e que construíram o caminho da nossa resistência até aqui!
Para além de reivindicarmos mais visibilidade – o que é totalmente justo –, nos inspiramos nessas mulheres para lutar por aquelas pautas que hoje são essenciais para nossas vidas. Por isso, no espírito das muitas que sangraram para defender nossos direitos, rebatizamos a rua 13 junho (data de homenagem à atuação de um coronel) de Rua 8 de março, para lembrarmos que esse é dia de luta e memória e que ainda precisamos nos colocar nas batalhas por nossos direitos!
No espírito de…
Espertirina Martins, reivindicamos nossos direitos arrancados pelas reformas trabalhista, da previdência e administrativa, assim como evocamos combatividade e autonomia em nossas lutas! Que o buquê de Espertirina seja sempre centelha!
Tereza de Benguela, reivindicamos o fim de toda e qualquer forma de escravidão! Que sua chama se mantenha acesa na luta pela liberdade!
Bernadina Rich, mato-grossense que lutou pelo direito de ser a primeira professora negra no estado, reivindicamos o fim do racismo e o direito de uma Educação de qualidade para nossas filhas e filhos; não ao fechamento de escolas, não à precarização, não a qualquer modelo de privatização, por um retorno apenas com vacina e condições básicas de infraestrutura. Que nossas escolas possam se colocar no combate ao racismo e ao machismo!
Alessandra Bárbara, primeira enfermeira morta por COVID-19 em Mato Grosso, denunciamos o genocídio que tem ocorrido durante a pandemia, a omissão deliberada de um Estado que serve aos interesses do capitalismo, de um governo que trabalha para manter a morte e a exploração – que Bolsonaro/Mourão/Guedes paguem pelos seus crimes! Reivindicamos vacinação em massa, necessária para frear o genocídio do povo, e auxílio emergencial mais digno, necessário para nossa sobrevivência! Em defesa do SUS!
Marielle Franco, denunciamos o estado de vigilantismo e perseguição política que tem aumentado dia após dia. Reivindicamos nosso direito vital à liberdade, à luta e à livre expressão!
Mulheres indígenas, defendemos o direito dos povos originários a suas próprias terras e condições de vida digna! Pelo fim das políticas que visam o extermínio dos povos indígenas! Pelo fortalecimento das mulheres indígenas que resistem e lutam em seus territórios! Viva as mulheres do Xingu mato-grossense!
Sem nunca esquecer todas as mulheres assassinadas vítimas de feminicídio, violentadas e abusadas, nos mantemos erguidas pelo fim do feminicídio, da cultura do estupro, da violência contra a mulher! Resultados de uma estrutura machista e patriarcal que ainda impera em nosso estado, o que causou aumento assustador de mortes e torturas de mulheres durante a pandemia – em Mato Grosso, esse aumento foi de 58% em 2020, comparado com 2019. Por nenhuma a menos!
No espírito de todas essas mulheres e todas aquelas cujos nomes não cabem aqui!
Que este 8 de março seja mais um passo na nossa luta de todo dia por vida digna, com renda justa, saúde, educação, direito à moradia, direito a uma alimentação digna. Não queremos morrer de fome, nem de covid-19, nem pelas mãos de homens e do Estado! Que nossa resistência cresça cada dia mais! Que caiam o Estado, o Patriarcado e Capitalismo!