Da aldeia à quebrada, o EaD como ferramenta de exclusão – Pt. 4: Lucro e Mercado, quanto vale a educação?

Ouça o depoimento de um professor da rede municipal de São Paulo:

 

Na série de depoimentos de professoras e professores, secundaristas e indígenas, o EaD e o Ensino Remoto têm se mostrado ineficaz e problemático por dezenas de realidades coletivas e individuais ignoradas durante a pandemia.

Anteriormente ao cenário que vivemos de diversos ataques à educação pública, já se falava do ensino a distância, ou e-learning como proposto por países europeus e pelos Estados Unidos. Frases de efeito como: “e-learning é o futuro” mascaram o que está por trás dessa ideia aparentemente salvadora da educação no mundo. Em 2015 a indústria mundial de ensino eletrônico ou e-learning movimentou 107 bilhões de dólares, e de acordo com a Revista Forbes, esse mercado deverá chegar a 325 bilhões de dólares até o ano de 2025. Os últimos dados da receita do Google de 2018 apontam para 10,6 bilhões de lucro em um trimestre.

Palavras como “mercado” e “lucro” demonstram a construção de um futuro voltado para uma educação de classes dominantes que têm acesso a internet e manterão serviços digitais enriquecendo grandes corporações de tecnologia. Esta mesma tecnologia deveria complementar o ensino, e oferecer uma solução neste momento crítico, mas a cada dia que as problemáticas aumentam e mais alunos desistem do ano letivo, torna-se mais evidente que a ferramenta é excludente e precariza as condições de trabalho dos docentes, com sobrecarga de trabalho para atender todos os alunos que em sua grande maioria, possui acesso a aplicativos de mensagens e não plataformas de ensino digital. Estado e prefeituras com condições não ideais para acompanhamento de frequência e um cenário futuro onde professores possivelmente poderão perder parte do ensino presencial para o ensino a distância.