Mais de mil pessoas foram às ruas do Centro de Florianópolis em manifestação neste domingo (07). Assim como em outras cidades, a pauta central foi a luta antirracista e a denúncia do genocídio do povo negro e periférico. O ato foi chamado junto à mobilização em dezenas de outras cidades pelo país, que contam com a participação das torcidas organizadas e dos movimentos sociais, contra o governo genocida de Bolsonaro e o fascismo.
Além do protagonismo da juventude negra, que deu o tom da manifestação, a pauta racial ganhou centralidade também pelos recentes episódios de violência e mortes causadas pela Polícia Militar nos morros e comunidades da cidade. Nas últimas semanas, o Morro do Mocotó já havia convocado duas manifestações após o assassinato dos jovens Jonatan Cristhof do Nascimento, Leonardo Leite Arruda Alves e Marlon Leite Arruda Alves por policiais na localidade. Ao contrário do que ocorreu nos atos do Mocotó, hoje a polícia deslocou uma equipe pequena e não foram registrados casos de violência policial ou ameaças.
Após uma semana de intensos debates nas redes sociais sobre a pertinência de ir às ruas em meio à pandemia e frente ao risco de avanço autoritário de Bolsonaro, o povo de Florianópolis demonstrou que é possível realizar o ato com preocupações sanitárias. Apesar da aglomeração excessiva em alguns momentos da marcha, a organização do ato se preocupou em manter todo mundo de máscaras e álcool gel foi distribuído por todo o percurso. Em várias falas, manifestantes argumentaram que ir para as ruas, neste momento, é questão de vida e sobrevivência, visto que as comunidades da cidade já vivem dificuldade para manter o isolamento social por terem que continuar trabalhando ou mesmo por falta de equipamentos de proteção individual. Além disso, a opinião de quem esteve no ato é que não é possível recuar frente à ameaça ditatorial de Bolsonaro.
As próximas manifestações populares já foram convocadas na cidade. Na próxima sexta (12), a comunidade do Mocotó, o Movimento Nacional de Luta por Moradia e o Coletivo Ocupações Urbanas convocam uma marcha às 14h, reivindicando testes para a covid-19 e denunciando o abandono das periferias frente à pandemia. No sábado (13), a mesma frente que convocou o ato deste domingo voltará às ruas contra o genocídio do povo negro, Bolsonaro e Mourão.