Em meio a esta catástrofe global, provocada pelo novo coronavírus o COVID-19, Moacir Bogo, diretor consultivo da Gidion, uma das empresas que operam o transporte coletivo de Joinville, SC, nos surpreende. Saiu uma notícia difícil de acreditar: ele vai investir mais de 20 milhões no Skyglass, em Canela, no Rio Grande do Sul, que é uma plataforma de aço e vidro, instalada no parque Ferradura.
Ele é proprietário do Parque Unipraias, em Balneário Camboriú. Também é dono de um negócio de teleférico localizado em Aparecida, interior de São Paulo. Isso evidencia os altos lucros que ganha dos seus outros negócios, e levanta algumas perguntas: será que este dinheiro não deveria ser investido na sua empresa, para melhorar as condições gerais do transporte dito público? Será que não deveria estar se preocupando com a situação dos mais de 600 motoristas com contratos suspensos no seu empreendimento e na Transtusa, sua parceira de negócios?
Preço Abusivo
As empresas Gidion e Transtusa, atuam há décadas na cidade, sempre tendo lucros enormes. Continuamente aumentam o valor das passagens acima da inflação, uma prática habitual delas. O Movimento Passe Livre, por muitas vezes exigiu que as empresas mostrassem suas planilhas, para analisarmos e vermos se os aumentos seriam justificados ou não. As empresas quase sempre se negaram, e quando entregaram as planilhas, percebemos que são construídas de forma complexa, sendo necessário alguém dentro da área para interpretar os dados delas.
Lembremos que o valor de compra das passagens são de: R$ 4,75 antecipada, comprada nos pontos de venda e nos terminais de e R$ 4,90 embarcada. A pergunta aqui é: porque esta diferença de preço? A resposta das companhias é que o valor da comprada dentro de veículo seria que o motorista teria uma dupla função. Eis aqui outra crítica, se eles têm dupla função, cadê os cobradores? Foram substituídos pelos leitores/coletores de cartões.
Ao invés de gastar todo esse dinheiro, naquele parque, deveria estar contratando cobradores, assim tiraria o duplo trabalho dos motoristas e daria emprego a muitas pessoas.
Investimentos Necessários no Transporte Público em Joinville
É totalmente inaceitável olharmos nosso dinheiro, que é acumulado nos bolsos dos donos das empresas, sendo investido em empreendimentos externos. Todo a população sabe que os ônibus da cidade possuem inúmeros problemas: poucas linhas em horários de pico, causando superlotação dos carros; muitos veículos antigos, sendo necessário sua troca; horários que não vão de encontro com as necessidades dos usuários; falta de linhas nos bairros mais pobres, para “compensar” isso, as empresas investiram em ar-condicionado e wifi nos veículos. Ora, o povo não quer wifi, ele precisa de um transporte digno, que atenda suas necessidades.
Neste momento, apenas as linhas circulares da saúde, usadas pelos profissionais da área para chegar a seus postos de trabalho estão funcionando. Mesmo assim, a passagem continua sendo cobrada, o que demonstra total desprezo humano, no momento de crise pandêmica em que estamos.
O transporte está parado por tempo indeterminado, devido a um decreto do governador do estado, Carlos Moisés, devido a esta terrível pandemia que enfrentamos em escala global. Agora é o momento das operadoras criarem projetos de melhorias necessárias, em todo o transporte.