Pandemia Global e a Luta do Movimento Estudantil

Texto de Opinião da Resistência Popular Estudantil de Porto Alegre – RS
A pandemia global que afeta as vidas do povo já há alguns dias e tende a seguir sendo parte da rotina e da preocupação das pessoas, dos governos e das economias ao redor do mundo chegou repentinamente e paralisou, quase de imediato, o poder de reação de uma ‘esquerda’ já fragilizada, pouco ativa e ansiosa por eleições e disputas burocráticas.
Em um mês com chamados de Greve, dias de luta e importantes movimentações sendo agitadas ao redor do país, o movimento estudantil viu-se em um emaranhado de incertezas dentro e fora das universidades e a burocracia “organizada” demorou dias até se manifestar chamando um “panelaço” contra Bolsonaro
Enquanto isso, no chão duro da realidade, estudantes que dependem de bolsas de permanência e dos restaurantes universitários ou que, mesmo sem aulas presenciais, pagam mensalidades exorbitantes nas instituições privadas, veem-se com a vida já atravessada pela pandemia, com ou sem infecção. O coronavírus é, antes de tudo, uma doença social, que expõe nossas desigualdades e afeta os mais pobres de forma brutal e potencialmente genocida.
É preciso que o medo, mais uma vez, não nos paralise, que possamos, mesmo que sem marchas massivas ou aglomerações na luta, seguir dando respostas e construindo ferramentas de cobrança para que as e os estudantes pobres, com a renda já prejudicada, com a precarização da vida avançando sobre nossos corpos, tenham garantidas pelo menos as políticas de permanência, tenham congeladas as cobranças e tenham garantidos seus direitos.
A manutenção das aulas na modalidade à distância, além de precarizar e comprometer recursos das e dos professores, se ancora no pressuposto de que as/os estudantes todos temos condições de acesso constante à internet, além de disposição física, psíquica e econômica de manter as atividades pedagógicas e o comprometimento com os estudos em período de isolamento social.
Além disso, funcionários/as, docentes e demais trabalhadoras/es que garantem o dia-a-dia das universidades e escolas não podem ser penalizados por essa crise e devem ter o direito de quarentena, que é um direito à vida, preservado, sem prejuízos em seus salários.
É tarefa do movimento estudantil não cair nem no desespero e nem na inação, seguir ativo e movimentando os diretórios e centros academicos, as entidades, os coletivos, girar nossas instituiçoes para a luta, se fazendo presentes e organizandas, com todas as ferramentas e meios que se fizerem possíveis, em uma campanha ininterrupta por vida digna, mesmo (e principalmente) em tempos de pandemia. 
Nas universidades públicas, é preciso:
a) garantir o funcionamento, com segurança sanitária, dos restaurantes universitários;
b) suspender as aulas, mesmo EADs;
c) garantir o pagamento de bolsas de permanência e das bolsas de iniciação científica;
d) manter em dia o salário das e dos professores, de todos os funcionários e funcionárias e de todos os setores terceirizados;
e) colocar os espaços das universidades, como os campi e hospitais, à serviço do Sistema Único de Saúde, garantindo ampliação do cuidado a quem precisa.
Nas instituições privadas, nossa luta precisa ser:
a) pela suspensão das aulas, mesmo EADs;
b) pela suspensão imediata das cobranças de mensalidade;
c) pela manutenção dos restaurantes universitários e dos auxílios para estudantes bolsistas;
d) pela liberdade de trancamentos e cancelamentos das cadeiras e dos cursos, sem multas ou encargos;
e) pelo pagamento em dia de todas as trabalhadoras e trabalhadores, docentes, terceirizadas/os, sem férias coletivas, demissões ou exposição a riscos;
Neste momento, mais do que nunca, nosso grito pela revogação imediata do teto de gastos deve ter prioridade em nossas agendas. A PEC do teto, contra a qual ocupamos universidades, escolas e IFs, que sucateia a educação, também retira bilhões de reais do SUS e compromete a vida do povo.
Nossa solidariedade precisa ser mais ativa e concreta, é preciso dar atenção e  garantir todo apoio necessário  aos colegas precarizados que não podem interromper o trabalho, a todas as categorias de trabalhadoras/es que precisam de ajuda, aos movimento de ocupação urbana, à população em situação de rua, aos pequenos produtores e pequenos comércios de bairro.
Só com organizações populares capazes de pressionar e fazer luta, de forma criativa, eficaz e concreta, poderemos garantir direitos e enfrentar a pandemia sem sucumbir a regimes de exceção nem deixar o povo morrer pelo descaso estatal.
Auto-organização dos povos e das comunidades para garantir proteção e isolamento, financiamento adequado do Sistema de Saúde e garantia de renda a todas as trabalhadoras/es com a revogação do teto de gastos e movimento estudantil como ferramenta de luta das e dos de baixo. Só assim fazemos desta crise menos duradoura e tiramos dela lições para seguir lutando quando tudo passar.
QUE OS RICOS PAGUEM PELA PANDEMIA
PELA REVOGAÇÃO IMEDIATA DO TETO DE GASTOS
PELA SUSPENSÃO DAS AULAS EM TODAS AS UNIVERSIDADES
NA LUTA PELA VIDA DIGNA!
Resistência Popular Estudantil – Porto Alegre