Por Thiago Fuschini*
A eclosão da pandemia de Covid-19, causada pelo coronavírus, no Brasil afeta principalmente aos mais pobres e grupos fragilizados, como a população em situação de rua, por exemplo, que não pode se dar ao luxo de adotar o auto-isolamento e deixar de trabalhar e, no caso de quem vive nas e das ruas, se trancar em casa.
A proposta deste artigo é chamar a atenção para o problema e estimular o apoio a divulgação e o engajamento em campanhas que auxiliam estas pessoas que sobrevivem nas calçadas das cidades, e que não têm acesso a produtos de higiene pessoal, álcool gel, máscaras, alimentos e, em muitos casos, água limpa.
Abaixo, um resumo dos principais impactos da pandemia no dia a dia da população de rua, feito a partir do recolhimento de informações da grande imprensa, coletivos e ativistas.
Em São Paulo, capital, a Guarda Civil Metropolitana (GCM) está usando de violência para expulsar moradores de rua de locais públicos, como o Parque da Mooca, na ZL, por exemplo.
O padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua de SP, criou uma petição online para pressionar a Prefeitura de São Paulo a fornecer kits com álcool gel e materiais básicos de higiene e a abrir espaços públicos para o acolhimento de moradores de rua durante a pandemia do coronavírus. Criada nesta quarta-feira, 18, a petição hospedada na plataforma Change.org já sensibilizou quase 16 mil apoiadores em menos de dois dias.
O fechamento de bares e restaurantes, que, em SP, só poderão funcionar em sistema delivery a partir do dia 24, coloca a questão de como a população de rua conseguirá se alimentar durante a pandemia. A FOME também passa a ser uma ameaça séria.
Curitiba (PR) está usando a pandemia como desculpa para voltar a ROUBAR os (poucos) pertences de quem vive nas e das ruas.
Rio de Janeiro e Pará anunciaram que usarão estádios de futebol e outros equipamentos públicos para abrigar a população em situação de rua durante a pandemia; sem detalhes de como isto será feito.
Várias cidades estão aprovando legislação restringindo o direito de ir e vir de moradores de rua, sem oferecer alternativas de acolhimento.
Várias cidades estão realizando ações educativas e preventivas contra a Covid-19 entre a sua população em situação de rua.
Em Londres, Inglaterra, foram alugados 300 quartos de hotéis por 12 semanas, para abrigar a crescente população de rua. A ideia é disponibilizar 45 mil vagas.
Nos EUA, a Covid-19 já chegou aos abrigos públicos destinados à população de rua.
Na França, a polícia está multando moradores de rua que não obedecem a ordem de ficar em casa.
*Thiago Fuschini é jornalista, voluntário da Pastoral do Povo da Rua de SP e editor da página Observatório do Povo da Rua, no Facebook.