Foto: Luiz Carvalho/Sindipetro
Texto por Orlando Martins
A greve dos petroleiros/as, que começou no dia 1° de fevereiro, cresceu muito nesses dias, aumentou a participação operária nos locais de trabalho, ganhou solidariedade de várias outras categorias e setores do povo. Em várias cidades do país, o movimento organizou a distribuição de botijões de gás de cozinha a um preço justo para a população, denunciando a venda dos derivados de petróleo taxada pelo dólar do mercado internacional. Os sindicatos e federações (FNP e FUP) lembram que a luta que se faz agora é a maior mobilização desde a histórica greve de 32 dias de 1995. Cerca de 20 mil petroleiros estão na greve, lutando e resistindo em 120 unidades da Petrobrás de todo país.
Essa greve, como já informou o Repórter Popular em matéria de 02/02/2020 (leia aqui), tem na pauta a luta contra 1 mil demissões que anuncia o governo federal com a decisão de fechar fábrica de fertilizantes no Paraná, que é do sistema público Petrobrás. Também cobra respeito aos acordos de trabalho que estão sendo violados com o desmonte da infraestrutura, redução de operações de unidades, todo tipo de abuso sobre terceirizados, privatizações e ameaças ao emprego. Os petroleiros explicam que somente com a Petrobrás pública o povo pode reduzir os preços e impedir que o mercado das gigantes petroleiras cobre cada vez mais caro a venda de combustíveis, gás e derivados com referência no comércio internacional. O Brasil tem grandes reservas e refinarias ociosas, mas exporta o óleo cru para comprar mais caro o produto refinado em dólar e fazer o povo pagar por tudo isso na ponta.
O mercado das grandes petroleiras internacionais tem governo e juiz a seu favor
Nesta segunda-feira, dia 17 de fevereiro, o ministro Ives Granda do Tribunal Superior do Trabalho tomou sozinho uma medida judicial para tentar acabar com a greve e proteger os interesses das empresas que querem privatizar a Petrobrás. Ele julga a greve um movimento ilegal e, sem esperar pela decisão dos seus colegas do TST, tenta desmobilizar os petroleiros pela ameaça de multas e autorização para demitir grevistas.
O governo nacional, por meio de Paulo Guedes, a maior autoridade da economia, nunca escondeu seu desejo de privatizar o que puder das empresas, bens e serviços públicos do Brasil. A Petrobrás é um patrimônio estratégico que sempre foi muito cobiçada pelo mercado das grandes petroleiras da cadeia produtiva mundial.
A greve dos petroleiros/as é uma luta que desafia os planos do governo de privatização e que põe em causa a política de preços que é usada pela Petrobrás para obedecer o mercado internacional. É uma decisão para uma classe muito reduzida de burgueses, que não atende as necessidades do país e faz o povo trabalhador pagar uma conta sempre alta na bomba do combustível e no preço do gás de cozinha. Como a economia brasileira está montada sobre os derivados do petróleo, os preços desse setor alteram e fazem subir todo custo de vida da população, arrochando sempre nos mais pobres.
Trabalhadores de aplicativos acusam os danos da privatização pra categoria
A vida do povo em geral é muito sensível com a pauta que é colocada pelo movimento nacional que fazem os operários/as da Petrobrás. A grande mídia, que faz campanha pelas privatizações e pelo arrocho da vida do povo com desemprego, pobreza e menos direitos, não está noticiando porque não deseja que a greve ganhe apoio popular e seja motivo de um protesto massivo contra a privatização e os preços altos.
Vimos uma publicação na página de Facebook Coletivo Independente de Trabalhadores de Aplicativos (CITA) que ajuda muito a pensar como pode afetar e piorar a vida suada dessa categoria hoje. Esse grupo explica que: “o alto preço que pagamos pelos derivados do petróleo como a Gasolina, o Diesel e o gás de cozinha é resultado de uma política do governo federal de vender os derivados do petróleo de acordo com o valor do dólar. Essa política privilegia o lucro de grandes empresários e joga a conta pro nosso bolso. Nós, trabalhadores de aplicativo, sentimos de forma ainda mais forte o efeito desta política, todos os dias vemos nossos ganhos sendo achatados com o aumento no preço dos combustíveis, o que faz com que tenhamos de trabalhar cada vez mais horas para voltar com a mesma quantidade de dinheiro pra casa.” Com os caminhoneiros autônomos e outras categorias que vivem da estrada não deve ser diferente.