O bairro Jardim das Oliveiras fica localizado em uma ocupação urbana, criada em Araquari. A população do bairro recebeu ordem de reintegração de posse. O Repórter Popular esteve na ocupação no domingo, participou de um ato ecumênico, organizado pela comunidade, em que um padre e um pastor participaram. O evento ocorreu na Associação dos Moradores do Bairro, no caminho da estrada de chão, a 700 metros da rodovia 280.
A comunidade definiu um cronograma para os próximos passos. Amanhã vai ter passeata às 9 horas e reuniões em órgãos federais em Joinville na parte da tarde. Além disso, do dia 16 pro dia 17 haverá uma vigília na ocupação. O ato ecumênico de ontem foi chamado com a intenção de unir a comunidade em torno de uma pauta. O padre e o pastor pregaram contra a ganância, inveja, desmatamento, agrotóxicos e a fome que atingem todas as pessoas pobres, ainda mais aquelas que vivem sob a mira da especulação imobiliária.
O bairro Jardim das Oliveiras era chamado de “Inferninho”. Alguns moradores ainda chamam o local pelo nome que é considerado pejorativo. O nome “Jardim das Oliveiras” foi escolhido em uma votação da comunidade. Claudinei Alves Avalo mora no Jardim das Oliveiras há 3 anos, ele mora na ocupação porque tinha dificuldades com aluguel.
O morador já pagou aluguel durante dez anos, também tentou comprar terreno no Itinga e não conseguiu pagar as parcelas. Ele, a esposa e três filhos colaboram na associação. “Vestindo a camisa pelo bairro desde que cheguei”, se orgulha. Eles não têm alternativas além da ocupação, se ficassem com outros parentes, ficariam provisoriamente. Para a manifestação de terça-feira, em Araquari, botar 500 pessoas na rua seria o mínimo para Claudinei. “Causar impacto depende de nós”, afirma.
Claudinei está ali por causa da comunidade, para sensibilizar. “Por todos os anos que passei sofrimento e necessidade, quando precisei tirar dinheiro das compras de roupas e comidas para pagar moradia”, desabafa. O esforço para tentar pagar os bancos e corretores que motiva Claudinei hoje. Conforme o morador, é por ter solidariedade e se sentir parte da comunidade.
O RePop entrevistou um casal de moradores na ocupação. Elberson Wilki e Tailize Wilki estavam de saída quando aceitaram uma conversa. O morador de 31 anos disse que são 6 meses de moradia ocupação. Tailize, 28, precisa buscar alternativa em Araquari. Com três filhos, o casal não tem parentes na cidade, só em Joinville. Elberson e Tailize acompanharam reuniões e também estão lutando pelo espaço, vão participar na manifestação na terça.
O ato ecumênico foi encerrado com uma partilha. Depois de ouvirem o pastor e o padre, as pessoas dividiram a mesa na associação de moradores. O povo tem até o dia 17 de janeiro para deixar a ocupação.
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