Relatório da ONG Oxfam, “Recompensem o trabalho, não a riqueza“, aponta o abismo que separa os super-ricos do resto da população. Vivemos em um mundo desigual para o benefício de muito poucos.
No Brasil: bilionários em meio à crise
É de R$ 549 bilhões o patrimônio dos bilionários brasileiros em 2017. No ano que passou, 12 novos bilionários apareceram – hoje são 43 pessoas. Diante do cenário de retirada de direitos e ajuste fiscal como medidas únicas de “fazer o país sair da crise”, resta a velha pergunta: crise para quem?
No ano passado, cinco bilionários brasileiros concentraram o equivalente à metade da renda que fica com a população mais pobre. Os bilionários brasileiro tiveram um crescimento de 13% em relação a 2016. Já os 50% mais pobres tiveram sua parte da renda reduzida de 2,7% para 2%. A Oxfam, ONG que realizou o estudo afirma:
Uma trabalhadora brasileira que ganha um salário mínimo levará 19 anos para receber o equivalente aos rendimentos de um super-rico em um único mês.
A despeito das políticas sociais e do crescimento econômico que fechou seu ciclo nos últimos anos, é evidente que as políticas dos governos não tocam nas estruturas da desigualdade. Este cenário pode ser explicado pelas relações de trabalho precárias, pelos baixos salários e aumento pífio do salário mínimo, pelo rentismo da elite, pelo desemprego para manter as margens de lucros, pela tributação em cima do consumo e não sobre lucros e dividendos e grandes fortunas. No capitalismo à brasileira, 283 bilhões de reais estão nas mãos de Jorge Paulo Lemann (AB/IMBEV), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Telles (AB/IMBEV), Carlos Alberto Sicupira (AB/IMBEV), Eduardo Severin (Facebook) e Ermínio Pereira de Moraes (AB/IMBEV). Isso é o mesmo que a soma de todos os bens de 100 milhões de brasileiros, segundo outro relatória da entidade, “A distância que nos une“.
No mundo: o 1% mais rico continua a deter mais riqueza que todo o restante da humanidade
Em 2017, 82% de todo crescimento na riqueza gerada no mundo ficaram concentrados nas mãos do 1% mais ricos, enquanto a metade mais pobre da humanidade não viu nenhum aumento. Segundo o relatório, 2017 registrou o maior aumento no número de bilionários da história, com um bilionário a mais a cada dois dias. Atualmente, há 2.043 bilionários (em dólares) em todo o mundo – e nove entre dez deles são homens.
Em 12 meses, a riqueza desse grupo de elite aumentou US$ 762 bilhões – o suficiente para acabar mais de sete vezes com a pobreza extrema no mundo. Do outro lado, mais da metade da população mundial vive com US$ 2 a US$ 10 por dia.
Para a Oxfam, há evidências crescentes de que os níveis de desigualdade extrema registrados atualmente excedem em muito o que pode ser justificado por talento, esforço e disposição de assumir riscos – qualidades atribuídas a grandes empresários e investidores. Na verdade, na maioria dos casos (pelo menos 2/3) são produto de heranças, monopólios ou relações clientelistas com governo.
Para mais informações, acesse: https://www.oxfam.org.br