Você já viu os nomes dos programas do governo Marchezan? Pacto Alegre, Prato Alegre, e agora tem o “POA pra frente”… Mas será que a população da cidade tem motivos para se alegrar?
Quem trabalha na área pública já conhece o desespero das funcionárias e funcionários de empresas terceirizadas: passaram por períodos de fome e miséria pela péssima organização dos contratos. Os servidores públicos, então, alvos preferidos do governo municipal, tratados como as piores pessoas: para Marchezan, são mal intencionadas e sugadoras de dinheiro público e, obviamente, perderam todos os direitos que a Prefeitura poderia tirar.
Desde o início do governo, a impressão é de que todos os trabalhadores abandonaram seus postos de trabalho: a cidade era só mato e buraco. Parecia que a notícia do dia seguinte seria a chegada de um dinossauro. E as periferias das regiões Norte e Leste estão sofrendo – de novo – com a falta de água. Numa semana de calor acima de 40 graus, com alerta de perigo à saúde emitido pela Defesa Civil, milhares de pessoas estão sem esse direito básico.
E então, de quem é a responsabilidade?
Rapidamente, é preciso explicar que nenhum trabalhador do município – seja servidor público ou terceirizado – trabalha com o que lhe “dá na telha”. Os serviços possuem suas normativas: SUS, SUAS, LDB, estão entre elas, e são federais. Existem ainda os Conselhos Municipais, que definem com a gestão metas e fiscalizam as ações… Opa, conselhos? Este seria o papel dos conselhos, mas este governo desconsidera escutar qualquer coisa que não seja a sua própria voz. Porto Alegre não tem pluralidade que inclua os e as de baixo. Ou é rei ou é amigo do rei – neste caso, os grandes empresários, donos das empresas de ônibus, por exemplo.
Mas no final do governo, o prefeito precisa justificar o porquê de a cidade estar nesta condição: igual ou pior que antes. E então, tudo é resolvido num contrato milionário de publicidade sobre Porto Alegre. Dá pra acreditar? Quase 35 milhões de reais em campanha publicitária! Até em jornais e emissoras de rádio de São Paulo tem propaganda da Prefeitura de Porto Alegre. Tem display de carregador de celular em restaurante granfino com propaganda da Prefeitura de Porto Alegre. Tem busdoor em ônibus de Viamão!
Você já viu propaganda de algo verdadeiramente saudável?
O que se pode fazer com 35 milhões? Contratar uma empresa mais capacitada e que pague melhor seus funcionários de limpeza ou segurança? Tapar os buracos? Resolver de forma mais séria e menos desgastante a situação do IMESF (Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família)? Planejar uma política pública séria para os imigrantes que chegam aqui e não encontram condições dignas para suas vidas? Melhorar as condições das vilas? Garantir vagas em creches 100% públicas? Enfim, o fato é que o Prefeito mente sobre a situação de Porto Alegre desde o início do governo. Ou seja: não estava tão mal como afirma, e muito menos está bem como ele pinta.
Marchezan prejudicou toda a cidade para cumprir regras de empréstimos. Ou seja: para ter novas dívidas e pagar novos juros. E assim ele pode justificar novos ajustes, no lombo das e dos que mais precisam, de quem recebe seu dinheiro suando e trabalhando. Considerando que não existe falência de municípios, a escolha de prejudicar a todas e todos trabalhadores foi política. A escolha do Marchezan e seus amigos é neoliberal, do estado ajudar e colaborar com empresas, e não com as pessoas. Por isso faz propaganda da cidade como se vendesse cigarro na decada de 1990: venha para o mundo de Marlboro, com um cara bonito, montado num cavalo, fumando. Pra quem não sabe, o ator que fazia o caubói de Marlboro, morreu de câncer de pulmão.
Quem mora na cidade, que circula com transporte público e vive nas áreas mais distantes e pobres, sabe que esta Porto Alegre só é pintada pra quem vive num conto de fadas: caso do menino pinóquio.