No dia 17 de outubro, moradores e moradoras de comunidades, bem como trabalhadores da saúde, educação e assistência social (entre outras), realizaram uma manifestação e distribuíram panfletos em frente ao CTG Raízes do Sul, local que sediou a Assembleia Regional do Orçamento Participativo (OP) no Bairro Bom Jesus, Zona Leste de Porto Alegre.
A mobilização buscava dar visibilidade aos ataques do governo Marchezan (PSDB) aos serviços públicos, que tem se expressado em cortes nos investimentos atrelados a constante ameaça de terceirização de serviços de saúde e assistência social. Os trabalhadores e a população presentes se mostravam preocupados em relação situação das equipes de estratégia de saúde da família, para a qual o governo municipal aponta como saída o processo terceirização e precarização dessa modalidade de atendimento.
Além disso, os presentes lembram que há tempos a região já luta contra outras ameaças de terceirizações em relação ao Pronto Atendimento e o Abrigo Bom Jesus. Assim, apesar da chuva as pessoas se mantiveram em frente ao local demonstrando que, para além dos espaços pré-estabelecidos pelo Estado para participação da população – como o OP -, as comunidades e trabalhadores tem se organizado em busca de suas demandas que extrapolam os limites que a gestão tem tentando impor. São estas pessoas que tem sentido no seu dia-a-dia as políticas de esmagamento da população refletidas na falta de trabalho, acesso a saúde, educação e assistência, além das ameaças recentes de despejo que a região viveu na Vila Mato Sampaio.
Mesmo sob a chuva forte as moradoras da Vila Pinto, Bom Jesus, mandaram seu recado através do Repórter Popular. Paula, que trabalha na reciclagem, trouxe a questão das precárias condições das escolas e a falta de vaga em creches em nome das mulheres:
Eu tenho 3 filhos que precisam de vagas e até agora eu não consegui; nas escolas falta alimento para as crianças
Evani, também moradora da comunidade, abordou a defesa da vida das mulheres da comunidade e enfrentamento a violência, referiu como urgente a pauta dos postos de saúde, contou:
Hoje fui no posto de saúde levar a minha filha e disseram, que só se tivesse morrendo!
Uma integrante do Conselho Distrital de Saúde, coloca a questão da importância da defesa dos direitos:
Hoje o pronto atendimento da Bom Jesus só já não foi terceirizado porque nós estamos resistindo
Trabalhadores da assistência social e da saúde presentes, trouxeram informações à população através de panfletos, buscando dar visibilidade às lutas que os servidores municipais tem feito em defesa dos serviços públicos e a garantia dos direitos da população em relação ao seu acesso, ao contrário do que o governo Marchezan tem pregado tentando minar a relação entre servidores e a população.
Cris Medeiros, moradora da Zona Leste e Conselheira Tutelar, contextualizou o ato em torno da necessidade de defesa dos direitos e de mobilização das comunidades em torno das suas lutas:
Infelizmente os direitos sociais tem sido abatidos por esta gestão municipal, estadual e federal… Enquanto conselheira tutelar vejo diariamente o prejuízo para as famílias da região leste com o desmonte que tem sido feito na educação, na saúde, na assistência social – as famílias estão sofrendo com as perdas e cortes de recursos – e agora, essa situação dos postos de saúde!
Cris, lembra que por uma decisão arbitrária da Prefeitura 80 famílias na Bom Jesus hoje ainda correm o risco de ficar sem moradia, pois, o processo ainda está em andamento. E que as comunidades na região estão em alerta, pois, há indicativos de que novas famílias possam ser ameaçadas de despejo. Conclui afirmando:
Nosso principal objetivo hoje, não tendo surtido efeito com o gestor público, é mobilizar a comunidade… fazendo encontros com moradores, estar informando e levar as pessoas o real do que está acontecendo