Desde as 6 horas da manhã neste dia 21 de novembro o movimento grevista da educação publica estadual montou piquete em todos os acessos da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, como forma de protesto contra o plano de adesão do estado ao regime de ajuste fiscal que cobra o governo Temer pela dívida. “Regime de Recuperação Fiscal” é como está se chamando generosamente um projeto que como máximo rola a dívida pública do RS pra frente como uma bomba-relógio e faz uma destruição sem igual do patrimônio comum, dos serviços públicos e seus trabalhadores. Entre as maldades estão o arrocho do salários e do orçamento público, o desmonte dos serviços e dos concursos, mais privatizações entre elas Sulgás, CRM e CEEE. O Banrisul pode entrar na fila e há evidências suficientes pra essa suposição, vide a liquidação das ações do banco no mercado financeiro do último mês e toda restruturação interna que acusam os bancários.
O piquete foi a tática de ação direta montada pelo comando de greve para criar uma acontecimento que desse visibilidade para a escandalosa renegociação que fazem Sartori e Temer as custas do bem estar da maioria. Teve início as 6 da matina e se estendeu até as 15 horas, quando o CPERS-Sindicato já tinha a certeza de que o projeto não entraria em votação pelos deputados na Assembléia do RS. Ao longo desse período, pela metade da manhã, um grupo parlamentar ofereceu intermediação condicionada a entrada seletiva no prédio.
Com mais de 75 dias de greve nem o governo e nem o parlamento foram capazes de atender a reivindicação dos educadores. Com o tumulto provocado pelo líder de direita deputado Van Haten que ameaçou furar o piquete o movimento rejeitou qualquer hipótese de acesso a casa parlamentar. A contragosto o presidente da Alergs Edegar Pretto teve que se reunir com os seus para protocolar a entrada do pacote do governo Sartori no memorial do RGS. Pretto do PT desaprovou a luta deste dia dos educadores e disse que era inaceitável o bloqueio, ganhando eco em todas as grandes mídias que fazem linha de fogo sobre a greve.
A ação direta das educadoras e educadores tem o sabor de uma conquista moral para greve, para a luta resistente dos grevistas frente ao ajuste e um governo duro e prepotente. Porque fez do piquete seu instrumento de “negociação”. Mas alerta, entre outras coisas, como o movimento poderia ter construído uma posição de forças com mais impacto no curso dos acontecimentos se tivesse aplicado no auge da mobilização uma tática mais decisiva. Uma mesa de negociação não se vence com palavras, com a arte dos negociadores. O que se leva pruma mesa de negociação é a relação de forças que cria a luta sindical sem intermediários.
O CPERS-Sindicato tem assembléia geral marcada pro dia 24 de novembro (sexta-feira) no gigantinho, onde estará em avaliação o movimento da greve.