Por Repórter Popular PR com informações da Rede Nenhuma Vida a Menos
Entre os dias 14 e 16 de maio, movimentos, organizações, mães e familiares de vítimas da violência estatal estiveram reunidos em Florianópolis (SC) para a realização do 8º Encontro Nacional de Mães e Familiares de Vítimas do Terrorismo do Estado.
O evento, organizado pela Rede Nacional de Mães e Familiares de Vítimas do Terrorismo do Estado, contou com a participação de mais de 60 pessoas vindas de Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Amazonas, Sergipe, Ceará, Tocantins, Bahia, Pará e Paraná, além da Argentina.
Confira como foi:
1º dia
Além disso, foram debatidas as decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos, órgão judicial autônomo internacional que condenou o Estado brasileiro no caso da Chacina de Nova Brasília (1994) e, mais recentemente, no caso da Chacina de Acari (1990), ocorridos no Rio de Janeiro.
2º dia
Em seguida, a Rede Nenhuma Vida a Menos apresentou a campanha pelo desinvestimento das polícias, que propõe redirecionar os bilhões gastos anualmente em segurança pública para áreas como saúde, educação, alimentação e bem-estar social. A Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJ Racial) contribuiu com suas experiências em incidência política popular no Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo.
Também foi debatido sobre o controle externo das polícias e a atuação falha do Ministério Público em todos os estados, falando também sobre como todos os órgãos, incluindo o executivo dos estados, corregedorias e tribunais de justiça, produzem dados incompletos, pouco claros e de difícil acesso para famílias e a população em geral – quando produzem. A conclusão é de que esse controle da polícia é, na verdade, feito pelos movimentos. É um controle popular.

Ao final do dia, foi lida a Carta da Rede Nacional de Mães e Familiares de Vítimas do Terrorismo do Estado, que reivindica:
– A criação da Semana da Luta das Mães e Familiares de Vítimas de Violência do Estado;
– Amparo, proteção e reparação para vítimas e sobreviventes;
– Perícias independentes das forças policiais;
– Melhorias nos direitos de pessoas privadas de liberdade;
– Afastamento imediato de agentes de segurança envolvidos em violência;
– Fim de bonificações por prisões e mortes nas corporações policiais;
– Desinvestimento nas polícias, entre outras demandas.
3º dia

Para encerrar, houve um ato público no centro de Florianópolis e uma caminhada pelas ruas da cidade. Durante o protesto, as mães e familiares denunciaram, por meio de palavras de ordem, faixas e bandeiras, a violência policial, o encarceramento em massa, o racismo e a brutalidade estatal. Ao final, cruzes com os nomes de vítimas foram colocadas em locais simbólicos, como alerta sobre a violência institucional em um país onde não existe pena de morte.
Para a Rede Nenhuma Vida a Menos, foi um encontro potente, de muita troca de experiências e aprendizados que fortalecem a luta do movimento no Paraná pelo fim dessa violência do Estado que atinge principalmente nossos jovens, negros, moradores das periferias. “De uma coisa temos certeza: não estamos sozinhas!”, completa a Rede.