O primeiro fato sobre o exército TQILA diz respeito a sua estrutura. Este se organiza de forma horizontal, sendo assim, não existem figuras de lideranças que comandam seus membros. Esse exército faz parte do Batalhão de Liberdade Nacional (IFB), que por sua vez faz parte da Força Guerrilheira Internacional e Revolucionária do Povo (IRPGF), ambos grupos de combate ao Estado Islâmico. O exército mantém relação com outros nove grupos aliados, entre eles a Unidade de Proteção das Mulheres, uma organização militar curda formada apenas por mulheres.
A respeito de sua ideologia, o exército segue a ideologia anarcoqueer. Dessa forma, sua luta é contra o Estado e suas estruturas opressivas e, também, contra todas as formas de dominação e discriminação. Com isso, levantam a bandeira Queer em nome da comunidade LGBTQIA+ que sofre diariamente com o extremismo religioso islâmico. Ao invés de se concentrar em obter direitos junto ao Estado, o anarcoqueer se concentra em se contrapor à heteronormatividade buscando a libertação sexual como fator necessário para outras formas de libertação.
As motivações que edificaram sua construção dizem respeito ao fato de que, há tempos, a comunidade LGBTQIA+ tem sido refém dos grupos fundamentalistas islâmico, uma vez que esses grupos enxergam inúmeras questões de gênero e sexualidade como pecados que devem ser punidos com a morte. Como forma de dar uma resposta à altura a esses ataques se fundou o TQILA, composto por LGBTQIA+ que lutam contra esses ataques e a favor da liberdade sexual de sua comunidade.
Sua bandeira é formada por um símbolo anarquista localizado acima de uma AK-47 em um fundo rosa, representando, assim, o grupo anarquista militarizado. Já seu emblema é uma bandeira LGBTQIA+ com uma estrela em seu topo contendo uma mão segurando a AK-47 e uma bandeira com o símbolo do movimento anarquista. A primeira para representar a ideologia do grupo e a segunda para representar todos os LGBTQIA+ que integram o exército.
Em 24 de Julho de 2017 foi anunciada a formação do exército através de um comunicado postado no twitter da IRPGF (@IRPGF), junto com o pronunciamento o exército divulgou uma imagem de seus membros segurando a bandeira LGBTQIA+ e sua bandeira. Um dos porta-vozes do exército, Hevel Rojhilat, disse à uma reportagem do ‘Newsweek’ que não poderia revelar mais informações por questões de segurança. É importante salientar que o exército se preocupa em enfatizar que esses preconceitos contra os quais lutam não são inerentes ao islamismo e nem à nenhuma outra religião, mas sim a construções sociais heteropatriarcais.