30 anos de um projeto popular sabotado pelas elites: em defesa do SUS por vida digna

Há 30 anos, a organização de trabalhadoras, pesquisadoras, militantes, coletivos de bairro, sindicatos, conselhos de classe, partidos e movimentos soube sonhar, inventar e criar um dos mais ousados projetos políticos de toda a história do país. Em 19 de Setembro de 1990, foi promulgada a lei 8.080, que institucionalizou o Sistema Único de Saúde, o SUS.

O SUS é sem dúvida uma das mais importantes conquistas dos e das de baixo no país. Ele insere o Brasil na lista tristemente pequena dos países que contam com um sistema integrado, nacional, universal e gratuito de saúde, que sirva a todas e a todos, em todos os cantos do território, adaptado a diferentes contextos e durante toda a vida, independente de quaisquer condições.

Em um país assolado por desigualdades tão violentas e com um Estado a serviço de quem tem dinheiro, o SUS sempre enfrentou dificuldades de implementação. A Saúde como direito é o terror dos governos que, a serviço da saúde privada e de uma elite que odeia o povo, sempre boicotaram, subfinanciaram, privatizaram e desmancharam toda a rede de cuidado.

De hospitais a postos de saúde, de equipes de saúde da família a ambulâncias do SAMU, dos equipamentos de saúde mental à produção tecnológica de vacinas e materiais cirúrgicos, da vigilância sanitária ao transplante de órgãos… o SUS se constitui como uma rede complexa e imensa que se estende de norte a sul do país e sobrevive apesar dos desmanches, dos desmandos e dos ataques.

Defender o SUS é mais do que um grito que ficou popular na pandemia, é uma pauta urgente. É preciso defender o sistema de saúde universal e gratuito como parte central de nossa campanha de luta por vida digna para todas e todos.

É preciso construir a luta com diferentes setores do povo, nos conselhos de saúde, nas comunidades, nas universidades, nos movimentos populares, consolidar a força popular necessária para defender a existência do SUS, sua expansão e qualificação, seu financiamento adequado e sua ampliação. Não se defende o SUS votando em um ou outro político, mas com organização popular que coloque pressão nos governos e nos ricos.

No marco dos 30 anos de saúde pública e universal, estamos diante da maior crise sanitária de todos os tempos. Para nós, a defesa do sistema de saúde universal e gratuito, sobretudo em uma pandemia (que tem mostrado sua importância), é o confisco de todos os recursos da saúde privada; é testagem em massa e gratuita para quem precisa; é ampliação do número de trabalhadoras com equipamentos de segurança adequados; é o uso e a ampliação máxima do nosso sistema de saúde para enfrentarmos o caos, sair dele e seguir avançando.

Pra vencer o coronavírus e para construir vida digna depois dessa e de outras crises, estamos há 30 anos de punho erguido pela saúde que queremos. No marco desta data, temos memórias a fazer, mas pouco a comemorar. O povo brasileiro segue em luta, como esteve em 1990, rumo a um país com um sistema verdadeiramente ÚNICO, sem planos ou equipamentos privados e realmente UNIVERSAL, indígena, rural, ribeirinho, quilombola, para pessoas com deficiência, antirracista, popular e democrático desde a base.

30 ANOS DE SUS SABOTADO, SUBFINANCIADO, MAS EM PÉ PELA FORÇA POPULAR

AVANÇAR PARA UM SUS VERDADEIRAMENTE UNIVERSAL, PÚBLICO, GRATUITO E DE QUALIDADE

SAÚDE PÚBLICA POR UMA VIDA DIGNA

Brasil, Setembro de 2020

COMITÊ NACIONAL DA CAMPANHA DE LUTA POR VIDA DIGNA