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1º de Maio também foi dia de luta contra os abusos e a prepotência da Zaffari no RS

Por Repórter Popular RS

A luta pelo fim da exploração dos trabalhadores do grupo Zaffari, que é dono de uma poderosa rede de supermercados e hipermercados, foi um dos temas principais do 1º de Maio deste ano em Porto Alegre (RS). A empresa ficou conhecida em todo Brasil por aplicar uma escala de 10×1 sobre seus funcionários e cometer todo tipo de abuso patronal contra os direitos trabalhistas.

A manifestação em Porto Alegre teve concentração às 8h da manhã, na Praça dos Açorianos, e marchou até duas lojas do Zaffari. Uma ação judicial tentou coagir a luta com escolta policial, determinando o afastamento do ato da frente do mercado.

A pauta desse ano do 1º de Maio foi a redução das horas da jornada de trabalho e o fim da escala 6×1, um movimento que primeiramente cresceu nas redes sociais e logo passou aos seus primeiros atos nas ruas, inclusive com greves, desde o ano passado.

Um grupo de trabalhadores do Zaffari chamou greve e promete seguir organizando as suas reivindicações e lutando pra alcançá-las, a despeito do sindicato dos comerciários de Porto Alegre (Sindec-POA) que é denunciado como pelego dos patrões. Diversos sindicatos, organizações sociais e políticas apoiaram a manifestação na capital gaúcha.

Uma trabalhadora da escala 6×1 demitida recentemente do supermercado Asun e tomou parte do protesto denuncia: “Lá dentro do Asun, a gente tem muito assédio moral se a gente reclama de algo lá dentro. Tem muito funcionário lá trabalhando fora do ponto, muitos no dia de folga trabalhando lá. Então assim, é bem complicada a situação lá dentro e aí vem a repressão, né? A gente não pode falar e quem é a favor da empresa fica reprimindo os outros funcionários… é assim que funciona lá dentro. Eu fui demitida após apresentar um atestado de óbito da minha mãe e eu já vinha pedindo troca de lojas por causa do ambiente tóxico lá dentro. Eu havia feito reclamações, eu pedi pra trocar de loja, mas eles não quiseram me trocar e, como eu fiz reclamação, me mandaram direto para a matriz e como retaliação me colocaram direto na rua logo após eu ter voltado do atestado de óbito da minha mãe. E mesmo com repressão, eu vim pra rua [me manifestar], foi isso o que aconteceu”.

Também ouvimos um funcionário do Zaffari que participou da greve: “é tudo muito injusto porque se, no caso, tu folga um dia, tu é descontado praticamente dois dias. Na escala 6×1 praticamente não tem folga, pois você trabalha em feriado, é como se fosse um dia normal. Tu ganha um pouco ali, quando você tá na entrevista os descontos nem aparecem direito, mas quando tu fecha o contrato e começa a trabalhar vem os descontos… um monte de desconto sem sentido, de coisa que não tem nada a ver na empresa. Fora que há casos como o meu, eu fui contratado para o atendimento mas me pedem para fazer um monte de coisa que não é da minha função, tu faz coisa que não faz sentido e pelas quais poderiam pagar também, como ter que limpar. Tem trabalhadores que foram contratados para o atendimento e chegaram a queimar o braço com produtos porque não souberam explicar como usar. Por conta disso, tiveram queimaduras de terceiro ou segundo grau. São várias histórias, eles [Zaffari] acabam desvalorizando nós, que somos trabalhadores, honestos… e eu espero que isso mude”.

Entre a pauta que é exigida ao grupo Zaffari, está a cobrança de aumento nos salários, reajuste do vale-refeição, escala 5×2 com jornada de 40 horas semanais, fim dos dias de dobra e desvios de função e fim do assédio. A patronal, todavia, não respondeu a pauta e nem abriu negociação coletiva com os trabalhadores.

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