18 de Fevereiro: Dia de Conscientização sobre o Alcoolismo

Por Cordel Antifa (PB/PE)

Neste 18 de fevereiro, Dia de Conscientização sobre o Alcoolismo, nós da Cordel Antifa queremos provocar uma reflexão crítica sobre o consumo abusivo de álcool e suas consequências para indivíduos, famílias e comunidades. O alcoolismo não é apenas uma questão de saúde pública, mas um fenômeno social profundamente enraizado em estruturas de exploração, alienação e dominação. A abordagem moralista e punitivista do problema não passa de uma cortina de fumaça que oculta seus verdadeiros causadores: um sistema que lucra com a precarização da vida e a destruição das relações sociais.

O consumo abusivo de álcool raramente é uma escolha genuinamente livre. Ele surge como uma resposta ao sofrimento imposto por um sistema que sobrecarrega e desumaniza as pessoas. A exaustão do trabalho precarizado, a falta de lazer acessível, o isolamento social e a ausência de espaços coletivos de apoio criam um terreno fértil para que a bebida seja uma fuga – um alívio momentâneo para dores que são estruturais. No entanto, esse alívio cobra um preço alto.

O Álcool e Seus Impactos no Indivíduo

O consumo excessivo de álcool afeta diretamente o cérebro e o sistema nervoso, comprometendo a capacidade de atenção, julgamento e tomada de decisão. A longo prazo, pode levar a doenças hepáticas, cardiovasculares e neurológicas, além de aumentar a vulnerabilidade a transtornos mentais como depressão e ansiedade. No entanto, reduzir o problema do alcoolismo a seus impactos médicos seria um erro. É preciso perguntar: por que tantas pessoas recorrem ao álcool?

O capitalismo cria uma realidade de sofrimento, onde a alienação e o cansaço fazem com que muitas pessoas busquem no álcool uma forma de anestesia. Ao invés de oferecer tempo livre, dignidade e bem-estar, o sistema empurra o trabalhador para uma rotina de exploração e desespero, enquanto a indústria bilionária do álcool se aproveita desse sofrimento para lucrar.

O Alcoolismo e a Desestruturação das Famílias

Nas famílias, o abuso do álcool tem efeitos devastadores. A relação entre alcoolismo e violência doméstica é inegável, com mulheres e crianças sendo as maiores vítimas. Lares marcados pelo abuso do álcool também enfrentam dificuldades econômicas, já que uma parte significativa da renda familiar acaba sendo direcionada para o consumo de bebidas em vez de necessidades básicas como alimentação, educação e moradia. Isso aprofunda a precariedade da vida das famílias trabalhadoras, enquanto enriquece as grandes corporações do setor alcooleiro.

A Comunidade e o Papel do Álcool como Ferramenta de Dominação

O consumo abusivo de álcool não apenas enfraquece as famílias, mas também destrói a capacidade das comunidades de se organizarem e lutarem por seus direitos. A violência, os acidentes de trânsito e a degradação das relações sociais são consequências diretas do alcoolismo, minando a solidariedade e a ação coletiva.

Quando uma comunidade está enfraquecida pelo consumo abusivo, torna-se mais vulnerável às forças do capital e do Estado, que exploram essa fragilidade para manter sua dominação. Um povo embriagado, disperso e alienado tem menos condições de se organizar para resistir à exploração. O álcool, nesse contexto, não é apenas uma substância recreativa – é um instrumento de controle social.

A Indústria do Álcool e a Hipocrisia do Estado

A indústria do álcool é um dos setores mais lucrativos do capitalismo e mantém uma forte influência sobre governos e políticas públicas. Enquanto campanhas superficiais falam sobre consumo “moderado”, a publicidade bombardeia a população com mensagens que associam o álcool ao prazer, ao sucesso e à liberdade. No entanto, essa mesma indústria lucra com a dependência e com os danos causados pelo abuso da substância.

O Estado, por sua vez, não apenas permite esse ciclo, mas o incentiva. A taxação do álcool e algumas restrições pontuais não passam de medidas simbólicas, que não atacam o cerne do problema: a normalização do consumo e a exploração da vulnerabilidade social para garantir lucros astronômicos. Enquanto isso, o próprio Estado criminaliza aqueles que, afundados na dependência, acabam marginalizados. A polícia reprime, os hospitais lotam e as prisões se enchem de pessoas que, na realidade, são vítimas de um sistema que empurra o álcool como fuga.

Rompendo com o Ciclo: Educação Popular, Apoio Mútuo e Autogestão

Como socialistas libertários, rejeitamos tanto o moralismo quanto o proibicionismo estatal. Proibir o álcool não resolve o problema – apenas o empurra para a clandestinidade, fortalecendo mercados ilegais e aumentando a repressão sobre os mais pobres. O que precisamos é de consciência coletiva, apoio mútuo e organização comunitária para enfrentar as causas estruturais do alcoolismo.

Isso significa criar espaços de lazer, cultura e sociabilidade fora da lógica do consumo e da mercantilização da vida. Significa fortalecer a solidariedade entre trabalhadores, para que ninguém precise recorrer ao álcool como única forma de aliviar o sofrimento. Significa desmantelar o poder das corporações que lucram com a miséria, e construir alternativas econômicas e sociais baseadas na autogestão e no bem-estar coletivo.

Conclusão: O Alcoolismo Como Problema de Classe

A luta contra o abuso do álcool não é uma cruzada moralista, mas uma batalha pela libertação das amarras que nos aprisionam. O alcoolismo não pode ser tratado apenas como um problema individual – ele é uma questão estrutural, profundamente ligada às formas de dominação e exploração impostas pelo capitalismo.

Se queremos uma sociedade realmente livre e justa, precisamos enfrentar essa questão de maneira radical: desmontando as bases que sustentam a indústria do álcool, fortalecendo laços comunitários e garantindo que todas as pessoas tenham acesso a condições dignas de vida. O álcool não pode ser a única fuga disponível para um povo exausto e explorado.

Neste dia 18 de fevereiro, não queremos apenas conscientização – queremos transformação. Queremos um mundo onde o prazer e o descanso não estejam à venda, onde a sociabilidade não seja mediada por produtos industrializados e onde a autonomia e a solidariedade sejam os pilares de uma nova sociedade.

Por uma vida digna, pela saúde e pela liberdade!
Contra a exploração, contra a alienação, contra o capitalismo!
Cordel Antifa – Autogestão, Solidariedade e Resistência!

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