Movimentos sociais respondem à violência policial com barricada e Marcha pela Vida nas Periferias em Florianópolis

Na madrugada de sábado, dia 24 de outubro, uma ação do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais) no Morro do Quilombo (Florianópolis – SC) terminou por assassinar um jovem de 15 anos, Marcos Paulo Padilha Carvalho Vargas. Marcos foi baleado pela polícia com um tiro de fuzil, quando voltava da casa da avó, de acordo com moradores e familiares.

A PM ainda impossibilitou o socorro do SAMU, não permitindo que a ambulância saísse do morro, alegando falta de segurança. Fato também em discordância dos relatos de moradores, que se manifestavam em prol da liberação da ambulância. Segurança inclusive que o Estado também não é capaz de ofertar, uma vez que está presente na comunidade apenas para reprimir e violentar.

A comunidade do Morro do Quilombo, que já vinha lidando com o assédio policial há meses, realizou uma manifestação no domingo seguinte exigindo o fim da violência policial. O protesto pacífico contou com barricadas na Rodovia Amaro Antonio Vieira e diversos cartazes em memória de Marcos e exigindo justiça.

Para além desse assassinato a polícia seguiu aterrorizando a comunidade, impedindo que carros e motos subam durante a noite, revistando violentamente os moradores, com ameaças físicas e verbais. Causando sentimentos de medo e culpa na comunidade por terem ousado levantar a voz contra a violência do Estado.

Pessoas que moram no Morro do Quilombo, além de estarem organizadas e pavimentado ruas com as próprias mãos, estiveram presentes na Marcha pela Vida nas Periferias, que aconteceu no dia 3 de novembro no centro de Florianópolis. O ato começou com uma concentração embaixo de chuva na escadaria da Catedral, juntando aproximadamente 150 pessoas de diferentes movimentos sociais e coletivos, moradores do Morro do Mocotó e ocupações urbanas da grande Florianópolis: Beira Rio, Contestado, Assentamento Amarildo, Fabiano de Cristo, Vila Esperança, Marielle Franco e a Ocupação Jardim das Oliveiras de Araquari. Além de pessoas da etnia Kaigang de diferentes aldeias que também estão na luta por moradia, reivindicando a transformação do antigo terminal TISAC em uma Casa de Passagem.

A manifestação pautava testagem em massa para Covid-19, o fim da violência policial e contra o PLC 1801/19, um projeto de criminalização das ocupações urbanas, que autoriza o despejo imediato das comunidades e a demolição de “construções irregulares”. O ato terminou em frente a câmara municipal, porque naquela tarde estavam sendo discutidos, entre outras coisas, dois pedidos de investigação do prefeito Gean Loureiro (DEM) por “quebra de decoro” relativos à acusação de estupro nas dependências da Secretaria de Turismo. Os pedidos foram arquivados, porque a maioria da Câmara de Vereadores votou contrária.