Matéria do Repórter Popular – RJ
Nesta terça-feira (08/06/2021), mais uma vida negra foi ceifada pelo Estado Policial no Complexo do Lins, no Rio de Janeiro. Kathlen de Oliveira Romeu, jovem negra, caminhava junto com sua vó na favela onde morava em direção ao trabalho de sua mãe, quando foi alvejada por policiais militares. Sua vó presenciou todo o momento, e disse que os tiros começaram repentinamente, quando subitamente Kathlen caiu. Ela chegou a ser levada para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu. A vítima estava grávida de 14 semanas. Ela tinha 24 anos e trabalhava como designer de interiores.
Moradores do Lins imediatamente se puseram a fechar a estrada Grajaú-Jacarepaguá com barricadas, paralisando parte da zona norte e zona oeste da Capital fluminense. Pedindo justiça e paz, os moradores tomaram as ruas. A ação demonstra que será pelas mãos do povo que teremos justiça por Kathlen e tantas vidas negras, como Edvaldo Viana, morador da CDD baleado pela PM quando trabalhava de moto táxi e os 28 do jacarezinho, mortos a menos de 1 mês.
Novamente devemos denunciar que o ciclo de genocídio do povo preto e favelado é uma política de Estado, maquiado de guerra as drogas. Mesmo com a decisão do Supremo Tribunal Federal de suspensão das operações policiais durante a pandemia, os governos estaduais e as forças de segurança insistem em descumprir a lei, pavimentando um lastro de sangue em seu caminho.
Mais do que derrubado, o governador do Rio de Janeiro precisa ser julgado e preso. As operações policiais têm acontecido de forma ilegal há meses. Segundo dados do Fogo Cruzado RJ, ocorreram pelo menos 471 trocas de tiro no Grande Rio apenas no mês de maio, sendo ao menos 75 em áreas com UPP. Dessas trocas de tiro, cinco foram consideradas chacinas, sendo 4 com participação da Polícia Militar.
As instituições já deixaram claro em todos esses anos de extermínio sistemático da população favelada que não vão apresentar soluções para a questão da violência urbana e da letalidade policial. Resta para nós a organização popular e a combatividade. Nos colocarmos nas ruas, sem recuar e sem temer, contra aqueles que assassinam nosso povo de todas as maneiras possíveis. A Polícia Militar precisa acabar, e os assassinos do povo precisam ser punidos. Para isso devemos nos organizar e ir para a rua cobrar.
Amanhã (09/06/2021), às 16hs, moradores em conjunto com os movimentos sociais já mobilizam uma manifestação em frente a Light, na rua Lins de Vasconselos número 623 para cobrar e responsabilizar o Governador Cláudio Castro e as forças de segurança.