Texto: Júlia Aguiar
Fotos e vídeo: Ale
Trabalhador, morador de comunidade e preso com base em foto publicada nas redes sociais. Essa poderia ser a história do ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza, preso em 2013 após ser confundido pela Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro com um traficante de drogas. Ou do catador de recicláveis Rafael Braga, também detido pela PM fluminense por suposta participação nos protestos que ocorreram em junho do mesmo ano. No entanto, a vítimas de agora são Jefferson, Carlos Henrique e Danillo Félix: seus familiares afirmam que houve violação dos direitos humanos nas prisões.
Na tarde de segunda-feira (28), militantes do movimento negro se concentraram em frente ao Fórum de Niterói, localizado no centro da cidade, para pedir por justiça pela detenção de Danillo Félix Vicente de Oliveira, Carlos Henrique e Jefferson, além de outros jovens negros que aguardam seus julgamentos em presídios espalhados pelo País.
O ato contou com a participação da Orquestra da Grota. Acompanhada por violão e violino, as palavras de ordem pediam o fim da violência policial nas comunidades: “Eu só quero ser feliz e andar tranquilamente na favela em que nasci e poder me orgulhar da consciência que o pobre tem seu lugar”.
Na manifestação aconteceu a apresentação do Centro de Teatro do Oprimido (CTO), onde três atores negros seguravam um objeto que já foi “confundido” com arma em outros casos: uma furadeira, um guarda-chuva e uma bengala. “Meu corpo não é um retrato falado”, bradavam enquanto erguiam os objetos. O CTO é um projeto que estimula a participação ativa das camadas oprimidas da sociedade, buscando à transformação social através da arte.
Por volta de 18 horas, a audiência acaba e os manifestantes descobrem que Danilo Félix fora absolvido pela Juíza Juliana Bessa, da 1ª Vara Criminal de Niterói. A vítima do caso alegou na audiência que não reconhecia o jovem como autor do crime.