Do Repórter Popular – Rio de Janeiro
Nesta sexta-feira (7), foi realizado um ato em protesto à Chacina do Jacarezinho, convocado pela associação de moradores, movimentos sociais, escola de samba e ONGs da comunidade. O ato se concentrou no G.R.E.S. Unidos do Jacarezinho e saiu pela principal Avenida da região até a entrada da Cidade da Polícia, depois voltando e entrando na favela. Foram estendidas faixas na entrada da favela com os nomes das vítimas e palavras de ordem por justiça e “chega de chacina, polícia assassina!”. O ato dos moradores era composto por uma maioria de mulheres, estas que no dia da operação foram as ruas impedir que o derramamento de sangue continuasse. Se somou ao protesto os movimentos e partidos políticos de esquerda. Ao final, os familiares e amigos falaram de sua dor e gritaram bem alto o nome de seus entes queridos. Foram acesas velas e 1 minuto de silêncio foi realizado.
Até hoje o número de mortos subiu para 28. Os moradores relatam a barbárie que foi o dia 06, com execuções sumárias sendo realizadas pela Polícia Civil. Após a morte do policial na operação ilegal, que viola a decisão do STF, abriu-se a caça aos corpos de jovens negros na favela, aplicando a pena de morte a qualquer um que passasse na frente da mira. Além disso, a Polícia Civil colocou o corpo de um jovem negro sentado numa cadeira com a mão na boca para amedrontar e “zombar” os moradores. Em coletiva de imprensa a Polícia Civil tratou de dar mais um recado de que não respeitará a lei, desqualificando qualquer medida legal que respeite a vida como “ativismo judicial”. Os moradores presenciaram a morte dentro de suas próprias casas, sendo invadidas e banhadas de sangue. Traumatizados, muitos não veem como sair dessa situação, de como criar seus filhos em meio a uma guerra. A maioria das pessoas que morreram são pais e deixam filhos que não serão assistidas pelo Estado, repetindo o ciclo de morte e genocídio do povo preto e favelado como política de Estado, maquiado de guerra as drogas.
Essa carnificina ocorre um dia depois da visita de Bolsonaro ao governador Cláudio Castro. O vice-presidente Mourão também qualificou como “tudo bandido”. A mídia tratou logo de transmitir ao vivo a operação e tratar todos os mortos como suspeitos. O papel das redes sociais e da mídia independente foi essencial para sabermos o que estava realmente acontecendo, rapidamente a hashtag #ChacinaNoJacarezinho deu visibilidade a barbárie. No ato de ontem, as falas dos familiares, amigos e moradores demonstraram que os mortos tem nome, trajetória de vida e que o Estado só entra na favela pra matar.
Já está sendo convocado um ato nacional em protesto a Chacina do Jacarezinho para o dia 13 de maio. Só com organização popular e luta é que podemos barrar a barbárie e avançar rumo a uma vida digna.
Contra mais essa maldade aos nossos irmaos e irmas , saiba esse Estado Genocida , que estamos ao lado dos irmaos e irmas.
Luisa Maranhao
Botafogo RJ