Vigília pede justiça e denuncia a violência machista na fronteira

Nesta segunda-feira (8), ocorreu, em Jaguarão, o julgamento de Elso Rovani Calderipe dos Santos, acusado de tentativa de feminicídio contra a ex-companheira, Ivonete Dorneles Almeida. O crime ocorreu em abril de 2020, quando Elso deu 10 facadas na vítima, na rua, quando ela saía do trabalho. Os golpes atingiram braços, pernas, e peito da vítima, que conseguiu pedir ajuda e foi socorrida a tempo.

Desde às 9h, diversas mulheres, os coletivos Nuestra Utopia, Resistência Popular, Mulheres de Fronteira e familiares realizam uma vigília em frente ao Fórum de Jaguarão para pedir a condenação do autor do crime e justiça por Ivonete. Segundo as manifestantes, a ideia é manifestar solidariedade à vítima, mostrar que ela não está sozinha e pedir justiça também por outras mulheres como Gabi e Lorena, vítimas de feminicídio na região.

“A gente tá aqui na frente do fórum pra pedir justiça por Ivonete, que sofreu uma tentativa de feminicídio no início do ano passado e hoje é o julgamento do criminoso que cometeu esse ato. Ela sobreviveu por pouco, tá aqui hoje no julgamento pra prestar depoimento, mas podia não estar, assim como a Gabi não tá, a Lorena não tá aqui também, e é por ela, pela Ivonete, e pelas outras que não estão aqui que a gente pede justiça”, disse Andriele Paiva, da Resistência Popular.

A vigília se estendeu durante todo o julgamento e contou com manifestantes do Brasil e do Uruguai. O grupo, além de manifestar solidariedade à vítima, também denuncia a violência machista que atinge muitas mulheres na fronteira, em sua mais diversas formas como agressões físicas, psicológicas, feminicídios e tráfico de pessoas.

“Assim como sempre estivemos, quando cada mulher é agredida, quando cada mulher é violentada, hoje não vai ser diferente agora. A gente vai estar presente aqui. Não podemos tolerar mais que as nossa vidas tenham tão pouco valor. Que mulheres não podem sair de uma relação porque podem morrer, ou ser quase mortas. Onde nossas mulheres não podem andar na rua porque podem ser estupradas, podem aparecer num campo, mortas também. Então hoje é dia de reclamar. Que hoje seja feita justiça”, disse Mangela Britos do Nuestra Utopia e coletivo Mulheres de Fronteira.