Edson Luís vive em nossa luta contra milicos, patrões e os governos da morte

Texto da Resistência Popular Estudantil em contribuição à Campanha de Luta por Vida Digna.

No dia 28 de março de 1968, o governo militar assassinou o estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto. Nascido em Belém (PA), foi assassinado pela polícia enquanto participava, junto com outras 300 estudantes, de uma manifestação no restaurante popular Calabouço, no Rio de Janeiro. A morte do estudante escancarou o regime de morte promovido pela ditadura civil-militar, instalada em 1964 no Brasil. Essa tragédia provocou uma onda de indignação e revolta, resultando em uma grande comoção nacional e uma série de manifestações por todo o país, que exigiam principalmente o fim da ditadura. Essas manifestações foram organizadas especialmente pelo Movimento Estudantil.

Hoje, passados 53 anos da morte de Edson Luís, vivemos em mais um governo de morte, encabeçado pelo presidente genocida Jair Bolsonaro, que vem matando cerca de 3 mil pessoas por dia na crise da covid-19. A memória de Edson Luís nos reafirma a importância da nossa luta, enquanto estudantes precarizadas, por condições dignas de permanência nas universidades. Com origem em uma família pobre, Edson Luís encontrava a garantia de comida e serviços básicos no Calabouço, que era muito mais do que um restaurante, visto que oferecia por preços baixos a estudantes: policlínica, sapataria, lavanderia, alfaiataria e barbearia, por exemplo. Além disso, era considerado um centro de fermentação política do Movimento Estudantil, antes mesmo do golpe de 1964, ou seja, era também um local para discussões e mobilizações políticas.

De volta a 2021, neste momento em que predomina o ensino remoto nas universidades, entendemos, enquanto estudantes, o quanto faz falta a garantia de um almoço digno no Restaurante Universitário (RU), ou até mesmo os encontros propiciados por esse espaço. A falta do RU dificulta, ou mesmo impossibilita, a permanência de estudantes mais pobres na universidade. Além disso, as oportunidades de articulação estudantil e convívio universitário são fragilizadas pela ausência de políticas adequadas de moradia estudantil, sem os espaços de estudos e trocas, sem as intervenções físicas e sem tantos outros elementos necessários para a construção de uma estudantada forte e unida. As políticas de permanência devem ser luta contínua e são essenciais na construção de uma vida digna!

Neste 28 de março, a memória de Edson Luís ganha ainda outro tom, quando a memória também de nossos mortos nos dá a certeza de que há muita luta pela frente e que só ela pode defender nossas vidas. Cercado de milicos, com o ar saudosista de quem enaltece torturadores, Bolsonaro despreza o distanciamento social em nome da economia. Para piorar, reduziu o auxílio emergencial para míseros R$250 mensais por família. Com o aumento no custo de vida, esse valor não consegue sequer garantir a sobrevivência do povo, nem mesmo permitir que consigamos pôr a comida na mesa. A falta de uma verdadeira política de renda básica, que deveria ser pautada no salário mínimo, nos empurra ainda mais ao precipício da morte que temos presenciado. Por isso, reivindicamos renda digna e permanente para que o distanciamento social possa ser feito por todas e, assim, controlarmos a pandemia de covid-19.

Bolsonaro não é o único responsável por essa situação. Assim como aconteceu durante a ditadura, seu governo conta com o apoio das classes dominantes: lideranças religiosas conservadoras, mercado financeiro, grande empresariado, militares, policiais e a maioria dos liberais. Bolsonaro caminha sobre corpos de mãos dadas com os mesmos setores. Nem os governos estaduais estão livres dessa conta, basta ver como a maioria cedeu à pressão do empresariado para que as escolas sigam abertas. Com professoras em sala de aula, e sem as condições sanitárias adequadas, vemos subir o número de casos e mortes por covid-19 entre as trabalhadoras das escolas, estudantes e suas famílias. A morte do estudante Edson Luís pela ditadura se repete a cada pessoa da comunidade escolar que não resiste e padece por essa política genocida imposta pelos de cima.

Nós, da Resistência Popular Estudantil por todo o país, estamos construindo a Campanha de Luta por Vida Digna, reivindicando renda, medidas de distanciamento social e um plano de vacinação popular, amplo e imediato. É necessário vacina para todo o povo, em um ritmo que permita a diminuição de casos. Se Edson Luís não tivesse sua vida levada pelas mãos dos militares, teria 71 anos hoje e seria uma das milhões de pessoas abaixo dos 80 anos que aguardam a vacinação, ao lado de inúmeras trabalhadoras da educação. Certamente ele estaria junto com a gente, cerrando fileiras em apoio às greves na educação que tomaram o país em 2021, em defesa da vida.

Que deste nosso luto brote a luta e toda nossa rebeldia. Nossa resposta deve ser em nome de todas que tombaram lutando, por todas que estão lado a lado na luta cotidiana e pelas que virão depois de nós!

NÃO ESQUECER DOS NOSSOS MORTOS EM NOSSA LUTA PELA VIDA! EDSON LUÍS VIVE!

NUNCA ESQUECER E NUNCA PERDOAR, DITADURA NUNCA MAIS!

TODO APOIO ÀS GREVES EM DEFESA DA VIDA!

VACINA E RENDA DIGNA JÁ! BOLSONARO GENOCIDA!

2 comments

  1. Agradeço pelo texto!
    Vacina para todos!
    #EscolasFechadasVidasPresevadas.
    #ForaBolsonaro.

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