Volta Redonda e a atual luta pela terra e vida digna

Do Repórter Popular – Rio de Janeiro

Há meses entorno de 800 famílias vinham ocupando um terreno da empresa Mape nos limites das cidades de Volta Redonda e Barra Mansa dando assim origem a ocupação da paz. Famílias essas que se viram na obrigação de ocupar uma terra improdutiva pois as possibilidades de manter uma moradia digna tem sido diariamente destruídas pela elevação dos preços de casas e alugueis, apenas do último ano para cá o reajuste base dos alugueis foi de 25,7%. Enquanto o salário mínimo foi aumentado de apenas 5,2% e o auxílio emergencial além de ter sido interrompido por meses retornou com valor médio de míseros R$ 250,00. 

Sem condições de pagar o povo se vê na obrigação de ocupar. E neste caso ocupando uma terra que vinha servindo de lixo da empresa Mape e de eventual ponto de desova para o tráfico. Inclusive a Mape se encontra afundada em dívidas com o Estado e ainda assim solicitou uma reintegração de posse contra as centenas de famílias que “não queriam briga, não queria guerra, só buscavam por um pedacinho de terra”.

Como o Estado não titubeia em escolher um lado rapidamente a reintegração de posse foi acatada por uma juíza da cidade de Barra Mansa e mesmo com o prefeito  de Volta Redonda – Neto (DEM) – tendo dito aos moradores da ocupação que eles não seriam retirados de sua terra no dia 27/05/2021 policiais de diversas cidades fortemente armados foram à ocupação servir de braço armado do Estado e forçar a saída dos trabalhadores e das trabalhadoras. Idosos, crianças, pessoas com mobilidade limitadas sendo desabrigadas em meio ao pior momento da pandemia de coronavírus no Brasil.

Como nossa classe não se dobra sem lutar, os moradores irromperam em ato, saíram da ocupação em marcha direto a prefeitura de Volta Redonda, entoando “NETO MENTIROSO” e outras palavras de ordem exigindo pelo direito a terra e moradia. Decidiram por ocupar a praça da prefeitura, já que o Estado não os garantiu nem um pedaço de terra, tomaram por si este pedaço do Estado.

Após 8 dias de ocupação na praça da prefeitura, no dia 04/06/2021, decidiram por voltar para sua casa anterior,  pois descobriram que parte da terra ocupada por eles sequer pertence a empresa Mape, uma vez que a área tem partes pertencentes também à fazendas, um projeto de construção de condomínio e até mesmo ao Banco Nacional de Habitação.

Não demorou para que o braço armado do Estado voltasse a açoitá-los, do dia 04/06/2021 ou dia 09/06/2021 a PM rondou a ocupação gerando uma situação de alto risco para os moradores, pois bem conhecemos a prática desta instituição. Assim, no dia 09/06/2021 decidiram por retornar à praça da prefeitura, onde se encontram nesse momento.

Em todo este período citado as centenas de trabalhadores e trabalhadoras da ocupação não arredaram pé da luta, não arregaram e nem tiveram dúvidas que apenas com luta o direito a terra e moradia poderá ser atendido.

Assim, uma tarefa de todo o movimento social e organização de esquerda nesse momento é somar-se em solidariedade a esses companheiros e companheiras, tanto politicamente quanto materialmente. 

Politicamente a tarefa que esta colocada é endossar a luta e estar ombro a ombro com a ocupação. 

Materialmente a tarefa é auxiliá-los com as suas necessidades, através de doações diretas de lonas, cobertores e casacos ou através de doações de valores através do pix da ocupação .(imagem abaixo).

Que contradição, o povo quer moradia e o Estado manda o caveirão!

Não queremos briga, não queremos guerra, nós só queremos um pedacinho de terra!

Lutar por moradia é lutar por vida digna!