UERJ caminha para o terceiro Período Acadêmico Emergencial (PAE3)

Opinião da Resistência Popular Estudantil (RJ)

RJ está caminhando para o terceiro período de remoto, ao passo que o Estado do RJ formalizou o pedido de adesão ao novo regime de recuperação fiscal. Nós da Resistência Popular Estudantil escrevemos esse texto para esclarecer e emitir nossa opinião sobre a forma como se dará o terceiro período remoto e o que pode está por vir caso o governo federal atenda a adesão do RJ.

Afinal, como será o Período de Atividade Emergenciais 3 (PAE3)?

A UERJ, ao contrário do ENEM, adiou o seu vestibular. O que foi uma posição muito acertada, já que todos nós evidenciamos o desastre que foi a realização do ENEM 2020, com a primeira aplicação com estudantes barrados pela superlotação das salas, e com 72% de abstenção na reaplicação para os que foram prejudicados pela péssima logística ou que pegaram Covid, seja antes da primeira prova ou após. Ao todo no ENEM 2020 mais da metade dos candidatos não compareceram as provas. O vestibular da UERJ foi adiado para o dia 18/07/2021, por isso mesmo chegando agora ao fim do que seria o período 20.2 ainda não há ingressantes para 2021.1.
Com isso a reitoria da UERJ criou mais uma de suas “adaptações” à conjuntura que estamos. No PAE3 haverá um calendário único, mas com eventos e número de semanas diferenciados para veteranos e calouros. Serão 18 semanas para veteranos, iniciando 19/07, e 12 semanas para os ingressantes, que iniciarão em 08/09. Com término das aulas e exames finais em datas diferentes, e terminando juntos o período no dia 04/12. Isso acontece porque a prova do vestibular UERJ, que teve seu formato modificado, será aplicada dia 18/07, mas a divulgação da listagem de classificação 09/08.

Segue a adaptação ao inadaptável

Estamos indo para o terceiro período deste desastre remoto em um contexto no qual morrem mais de duas mil pessoas por dia. Na UERJ a 2021.1 será a terceira turma de estudantes cotistas que não tiveram direito ao “kit cotista”, fazendo as matérias sem poder contar com os recursos das bibliotecas, e sem trabalhos de campo ou acesso a laboratórios caso a UERJ mantenha o vestibular. E a demanda por determinadas matérias vai se avolumando, já que nem todos estão dispostos a se submeter à horrível experiência de puxar mais de 3 ou 4 matérias desta forma. O que gerará um grande problema de superlotação das inscrições nessas matérias no pós pandemia, se somando a este cenário o já histórico déficit do quadro de docentes nos cursos, que em alguns vem se acentuando.

Ainda não temos dados sobre a evasão ou abandono das disciplinas. Nenhum dado sobre quantidade de matérias puxadas pelos estudantes, quantas matérias os estudantes têm conseguido fazer e etc. De maneira que ainda não sabemos o real impacto da implementação deste modelo sobre o corpo discente uerjiano. Mas o que podemos apontar desde já é a precarização do conteúdo das matérias, não por falta de esforços dos docentes que vem também sofrendo com a precarização de seu trabalho na tentativa de garantir minimamente um bom conteúdo, mas pelo limite deste modelo de ensino online. A UERJ não pode manter o vestibular nesta conjuntura, onde segundo a pesquisa feita pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN) 116,8 milhões de brasileiros não tem acesso pleno e permanente a alimentos, e desses 43,4 milhões não contam com quantidade suficiente de alimentos e 19,1 milhões estão passando fome.

Se o vestibular já era injusto, o vestibular UERJ 2020, assim como o ENEM 2020, conseguirão superar a injustiça histórica que represente este modo de acesso ao ensino superior público. Já que muitos estudantes não tiveram acesso aos conteúdos do ensino médio. Por diversos motivos: falta de internet e tecnologia adequada para acessar o EaD; aulas que voltaram presenciais e para não correr o risco de contaminar abandonaram; matérias ultra-enxugadas para manter a farsa do EaD; saúde mental abalada por todo o contexto que vivemos e etc. Se a REItoria mantiver este vestibular estará atestando o processo de elitização ao qual a UERJ vem sendo submetida, depois de anos de avanços da luta do movimento estudantil na garantia de políticas permanência estudantil.

Contra a mercantilização da educação: luta e auto-organização!

No último dia 25/05 o governo do estado do Rio de Janeiro formalizou o pedido de adesão ao novo regime de recuperação fiscal. Com isso o governo federal terá 10 dias para apresentar sua resposta, que caso seja aceito, o estado terá seis meses para apresentar um plano de recuperação fiscal. Diante do estrangulamento sistemático as contas da UERJ, onde pelo menos desde 2013 a UERJ não tem aprovada por completo a sua Proposta Orçamentária Anual, e de acordo com a linha do atual governo de Castro, herdeiro de Witzel e apoiadores da privatização da CEDAE, pode ter uma ideia de por onde passar o plano de recuperação fiscal.

Por isso precisamos desde já nos somar as lutas contra o desmonte das universidades federais, que chegou ao seu ápice com várias sinalizando a impossibilidade de funcionamento devido a não ter verba nem para as contas básicas e essenciais. Pois o mesmo projeto que hoje propõe o Future-se para as federais, estrangulando suas contas para torná-lo viável, é o mesmo projeto que se apresenta na ação frustrada do bolsonarismo em tentar extinguir a UERJ e fortalecer o ensino privado. Precisamos estar preparadas, e construir assembleias em nossos cursos e um espaço amplo da UERJ que nos permita estar organizados para enfrentar os desmandos dos de cima, será a nossa primeira tarefa.

Pelo adiamento do Vestibular UERJ de 2021!

Por uma universidade que fortaleça o povo!