Bandeira preta e o retorno às aulas no RS

No período em que o Brasil se confronta com as expansões, agravamentos e complicações dos casos de Covid-19, governos estaduais e municipais estudam processos obrigatórios para reabertura das escolas e o retorno do ensino presencial. Esse é o caso de Porto Alegre, chefiada por Sebastião Melo (MDB), que apresenta como objetivo o retorno das aulas presenciais a partir de 22 de fevereiro.

Como pensar em um retorno exigindo protocolos sanitários rígidos se a realidade a qual estamos inseridos se constitui por salas de aula sem ventilação adequada, obras inacabadas, escolas sem banheiros ou acesso a saneamento básico digno? Além disso, o portal de monitoramento da covid-19 vinculado ao governo do RS divulgou dados referentes ao panorama sobre os contágios e as ocupações nos leitos dos hospitais, cuja taxa de ocupação nas unidades de terapia intensiva (UTI) da capital, no último dia 19, se mantinha em 92,27%.

Desta forma, um cenário onde aprofunda-se o fluxo de contágios e com a vacinação andando em passos lentos questiona-se: quais e como se darão as garantias de segurança para que profissionais e estudantes possam voltar a circular nos espaços escolares? Os pais podem optar pela realização em casa de tarefas em folhas impressas. Se não tem água, como vai ter folha? O ensino em casa precisa de estrutura, dinheiro, e vemos hoje em dia uma queda na renda e pessoas se aprofundando na pobreza.

Como se não bastasse, o governador Eduardo Leite (PSDB) liberou, mesmo com bandeira preta em quase metade das regiões do estado no plano de distanciamento controlado, as aulas presenciais para a educação infantil e os 1º e 2º anos do ensino fundamental. Mais uma vez os governantes cedem às pressões das patronais em detrimento das famílias que terão seus filhos e filhas expostos ao vírus.

A Resistência Popular Estudantil de Porto Alegre se coloca contra essa política que quer expor estudantes ao vírus sem que haja estrutura adequada, mostrando o descaso de sempre com a educação pública.

Este texto é uma nota da Resistência Popular Estudantil de Porto Alegre.