Pelo novembro negro, manifestantes vão às ruas de Volta Redonda

60% dos jovens de periferia

Sem antecedentes criminais

Já sofreram violência policial

A cada quatro pessoas mortas pela policia, três são negras

Nas universidades brasileiras

Apenas 2% dos alunos são negros

A cada quatro horas um jovem negro morre violentamente em São Paulo

Dia 20 de novembro é dia da consciência negra, data que serve de rememoração ao assassinato de Zumbi e serve de contraponto ao 13 de maio, data na qual Princesa Isabel assinou a abolição da escravatura. No entanto, o movimento negro reivindica o 20/11 pois aponta que os negros e negras não ganharam nada da princesa, o que realmente levou a abolição da escravidão foi a luta social e é nesse espírito de luta que se deve construir o novembro negro e em especial o 20/11.

Razão pela qual diversos movimentos sociais se uniram na cidade de Volta Redonda para construir o ato do dia da consciência negra sob o mote: “Novembro Negro: Vidas Negras Importam! Por emprego e contra o genocídio! Reparações Já!”.

E já não bastasse o racismo estrutural que violenta o povo negro diariamente na véspera desse 20 de novembro um homem negro foi brutalmente assassinado por seguranças da loja carrefour. João Alberto, mais conhecido como nego Beto, se tornou mais uma vitima do racismo. Este episódio inflamou os atos de todo o país fazendo muitos outros serem marcados.

Não foi diferente em Volta Redonda, com dezenas de militantes marchando pelas ruas com palavras de ordem exigindo direito a vida digna para o povo negro e fechando o ato com colocação de faixas no Memorial Zumbi.

Racistas não passarão!

Durante o ato um motorista indignado com a reivindicação levada às ruas começou a ameaçar de atropelar o ato, demandando uma ação rápida do GT de Segurança do ato, que foi capaz de conter a situação e impedir o racista jogasse o carro para cima das pessoas. O racista, covarde e acuado resolveu jogar rojões no ato, no entanto, além de ter errado a direção não feriu ninguém e nem teve coragem de enfrentar de fora de seu automóvel.

A resposta a ele dada foram palavras de ordem cantadas ainda mais alto e mais disposição política para colocar abaixo o racismo e enfrentar os racistas! Não passarão!

A carne mais barata do mercado segue sendo a carne negra

Com um país constituído e construído em cima de sangue, suor e lágrimas dos nossos ancestrais escravizados, hoje a situação dos trabalhadores e trabalhadoras negros se assemelha a da chegada do povo negro no território brasileiro: violência de Estado, marginalidade, sexualização dos corpos, entre outras mazelas que continuam na sociedade depois de gerações após abolição legal da escravatura. 122 anos após a abolição, o capital continua a nos fazer escravos do desemprego e do lucro dos mais ricos com salários que mal conseguimos pagar nossas contas para termos uma vida digna.

O caso de João se soma aos milhões de negras e negros que são mortas, estupradas, marginalizadas pelo capitalismo todos os dias no Brasil e no mundo. Os números da violência perpetuada contra nós nas ruas todos os dias nos deixa evidente a necessidade de nos organizarmos para vencermos o capitalismo. Não derrotaremos o racismo enquanto o capital continuar lucrando com nossa carne, nossa vitalidade, nosso suor, derrotaremos o racismo, o machismo, a lgbtfobia e todas as opressões somente com a derrota do capital.

Logo, devemos fazer deste dia 20 de novembro parte da nossa luta contra as opressões que nos aflingem a cada dia. Que as mortes de nossos irmãos João Alberto, Mariele, George Floyd e todos os outros em todo o canto do Brasil nos dê mais força para que impeçamos novas mortes, para que mostremos que se não pode com a negritude, não atiça o formigueiro! Pois enquanto um de nós ainda for escravos, nenhum de nós seremos livres!

Que a injustiça não nos entristeça, mas nos radicalize!

Vidas Negras Importam!

João Alberto presente!

Lutar contra o racismo é lutar por vida digna!