Horta urbana e periférica no RS é exemplo de organização comunitária

A Horta Vó Maria, uma horta urbana e periférica, localizada no Bairro Niterói, em Canoas (Região Metropolitana), realizou no último domingo, dia 20 de fevereiro, diversas atividades como oficina de muralismo, oficina de tinta de terra, pintura coletiva, roda de conversas, uma fogueira ao cair do dia e um almoço coletivo.

Diversos grupos, além da comunidade que coordena a horta, se somaram a atividade e se uniram com a proposta de enraizar a luta comunitária pela autonomia e fortalecimento de redes comunitárias e coletivos independentes em luta por terra e território agroecologia, comida sem veneno e soberania e autonomia alimentar.

História da horta

A Horta Vó Maria fica na Vila João de Barro, em um terreno de 400 metros quadrados que estava abandonado, um espaço improdutivo que servia como um depósito de lixo. Através de esforços comunitários, o objetivo da horta é unir pessoas em rede de agricultura. Sendo cultivada e cuidada pela comunidade local, a iniciativa coletiva resgata a valorização da troca de saberes, tornando possível cultivar alimentos na cidade, vilas e bairros, mesmo nos lugares mais ociosos.

Hoje, no terreno são cultivadas no terreno quase 200 variedades alimentícias e medicinais. Iniciativa coletiva, comunitária e independente, a Horta Vó Maria combina saberes ancestrais populares e experiências indígenas e quilombolas com o conhecimento científico, promovendo a construção de comunidade a partir da retomada da terra, firmando raízes na autonomia e na organização coletiva.

As guardiãs e os guardiões da terra, como se denominam os responsáveis pelo espaço, contam que “a horta se reconhece enquanto ocupação urbana, coletivo e espaço de troca de saberes”.

Somos um grupo de pessoas, em sua maioria residentes da cidade, entre elas, moradores da vila, agricultores urbanos da região metropolitana, tatuadores, músicos, terapeutas e amigos parceiros desse projeto. Temos as práticas com a terra como nossa principal ferramenta de transformação social, a agroecologia e a organização popular autônoma e comunitária como nossas bases.

Oficinas realizadas na horta

As atividades que foram realizadas no dia 20 de fevereiro serviram para reafirmar um papel importantíssimo dessa luta e para uma vida mais digna. Unindo coletivos e movimentos sociais da luta por terra e território, o domingo teve organização do espaço e dos materiais, de tarefas conjuntas e da preparação das refeições.

Preparando o terreno para as atividades que viriam a começar no início da tarde, o espaço foi tomando fôlego através das rodas de conversas e das cerimônias que antecederam o almoço, reafirmando um discurso e uma ação de luta pela terra e território, pela luta contra a fome, por soberania e autonomia alimentar, e que vai na contramão de todo este sistema de fome e de morte que é imposto diariamente através dos grandes latifúndios e monopólios. As atividades seguiram com oficinas de muralismo, pintura coletiva e grandes trocas de saberes, fora todas as refeições coletivas feitas durante o dia.

A Horta Vó Maria é um dos muitos exemplos concretos que, através da luta de base e coletiva, da organização popular e autônoma, até de um lixão nasce flor.