Escola Militar no Mato Grosso tenta proibir professor por causa de tatuagens

A Escola Militar Tiradentes, de Barra do Garças, tentou proibir a atribuição de um professor concursado da rede estadual de ensino de Mato Grosso pelo jeito como o professor se veste e por suas tatuagens.

  • Atribuição é quando o professor ou professora, contratado pela prefeitura ou pelo estado, escolhe em qual escola vai trabalhar.
  • No Mato Grosso, as normativas da própria Secretaria de Educação e plano de carreira dos profissionais da educação determina que professores e professoras atribuem suas aulas a partir de uma contagem de pontos. De acordo com a quantidade de pontos, educadores e educadoras escolhem a escola onde vão trabalhar e não podem ser discriminados.

Contudo, o professor Gibran Freitas, da disciplina de Educação Física, foi surpreendido já no momento da atribuição, em meio a outros profissionais, com o “aviso” de que não poderia assumir as aulas caso não raspasse a barba, usasse camisa longa para esconder as tatuagens e tirasse os brincos. O professor gravou um vídeo para contar o que aconteceu:

Escolas militares ignoram as necessidades da população

O governo de Mauro Mendes (DEM) está implantando sete novas escolas militares neste início de 2021, com planejamento de implantação de mais outras no decorrer do ano. Esse processo e implantação tem sido feito sem debate com a comunidade escolar ou com “audiências” que são executadas de modo coercitivo – como ocorreu em Várzea Grande. Algumas escolas estão sendo mudadas para militar à revelia da vontade da comunidade escolar que, mesmo votando contra a troca, não é respeitada. Em vez de investir no conjunto das escolas estaduais, o governo repassa prédios e estruturas – escolhidas entre as melhores de cada cidade – para a Polícia Militar, sem nenhum diálogo com a população.

Trabalhadoras e trabalhadores da educação respondem

A Tendência Sindical Autonomia e Luta, que reúne trabalhadoras e trabalhadores da educação, emitiu uma nota comentando o caso e explicando como as escolas militares não respeitam a necessidade das pessoas por uma educação de qualidade.

O caso do professor Gibran Freitas é mais um exemplo de que tais escolas desrespeitam os limites de uma educação democrática e universal. Além de professores, também existem diversos casos de constrangimentos a estudantes dessas escolas por conta de vestimenta e expressão por meio do corpo. A escola é um espaço de diversidade e precisa se manter aberta a um ensino-aprendizagem para a emancipação humana. Precisamos denunciar todos os casos de abusos das Escolas Militares para que não fiquem escondidos dentro dos muros dessas escolas enquanto a população tem uma visão distorcida do que elas realmente representam.

Arte produzida pelo grupo para denunciar a militarização das escolas públicas no Mato Grosso.