Desrespeito com os funcionários públicos de Volta Redonda (RJ)

O ano novo veio, mas não há o que comemorar para as milhares de famílias de funcionários públicos de Volta Redonda. Nem mesmo a troca de governo municipal, que em apenas 10 dias já demonstrou ser continuidade daquilo que houve de pior anteriormente.

A Prefeitura anterior, de Samuca Silva (PV), usou a pandemia como desculpa para parcelar salários e atrasar salários, obrigar pessoas dos grupos de risco a voltarem aos postos de trabalho e ameaçou retirar o auxílio-alimentação — o que não ocorreu por pressão popular. Com essa situação, a vida dos funcionários públicos piorou muito: atraso na hora de pagar as contas e ainda ter que pagá-las com juros; maior risco de contaminação por Covid-19; e aumento do estresse, angústia e incertezas diante das dívidas e do medo por sua saúde.

Esses foram alguns dos motivos que fizeram muitas pessoas votarem pelo retorno de Antônio Francisco Neto (DEM). É o 5º mandato dele no cargo. Nos primeiros dias, o político do mesmo partido de Rodrigo Maia não garantiu a volta do pagamento integral dos salários e, em mais de 10 dias na prefeitura, sequer deu sinais de que vai pagar os atrasados de trabalhadores e trabalhadoras que receberam, pela última vez, a metade dos salários de novembro, com dezembro ainda atraso.

Atualmente, quando a comunidade se dirige aos postinhos de saúde e hospitais, é comum ouvir que não há médicos e enfermeiros. Além disso, as pessoas enfrentam grandes filas para serem atendidas. Em meio à pandemia, a situação da saúde fica cada vez pior (o Rio de Janeiro tem quase 470 mil infectados por Covid-19). O quadro é resultado do descaso com trabalhadores e trabalhadoras da saúde.

Mesmo diante da falta de profissionais, o atual prefeito suspendeu a convocação de quem passou em concurso público para a área da saúde. A população sofre os efeitos de medidas que dão uma amostra do que seria a chamada Reforma Administrativa proposta por deputados e pelo Governo Bolsonaro.

Protesto de trabalhadores e trabalhadoras em 2018. Foto: Tânia Cruz.

Como na gestão anterior, o atual prefeito usa a desculpa da falta de dinheiro. Uma justificativa que é usada frequentemente pelos governos para retirar direitos, piorar os serviços para a população e chegar até o ponto de suspender trabalhadores que foram aprovados em concurso. Vale lembrar ainda que o atual prefeito governou a cidade por 16 anos.

Diante desse cenário de incerteza sobre quando receberão salários, as trabalhadoras e trabalhadores do município precisarão se organizar para evitar que mais ataques sejam cometidos. Nos últimos anos, vimos o funcionalismo público promover greves e manifestações para pressionar prefeitos e governadores a pagarem salários em dia.