Descaso com terceirizados dos CRAS reflete no atendimento ao público

Não pagamento de direitos básicos a terceirizados da Assistência Social motivou novo protesto contra empresa que tem histórico de denúncias feitas por trabalhadores e trabalhadoras

Nesta quinta-feira (5), dezenas de entrevistadores e entrevistadoras sociais dos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS) de Porto Alegre, contratados de forma terceirizada pela empresa Lazari Serviços de Gestão de Mão de Obra LTDA., protestaram em frente à Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC) e em frente à Prefeitura devido ao atraso de salários, de vale-transporte, de férias. Leia mais clicando aqui.

Quem são essas pessoas?

Entrevistadores e entrevistadoras dos CRAS atendem demandas e atualizam o Cadastro Único que permite acesso a programas sociais do Governo Federal como o Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC) aos idosos e pessoas com deficiência, auxílio do Minha Casa, Minha Vida, Aluguel Social, entre outros. Parte do grupo de cerca de 70 terceirizados que fizeram o protesto é formada por mulheres que são responsáveis pelos primeiros passos no atendimento à parcela da população que não tem dinheiro, muitas vezes, para pagar o aluguel, comprar medicamentos ou até mesmo comida. Aliás, várias das trabalhadoras que estão sofrendo com essa situação imposta pela Lazari não puderam participar da manifestação porque estavam sem dinheiro para o transporte.

Segundo o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, a empresa, que já estava atrasando o pagamento dos salários há meses, sumiu e não depositou também os valores do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) dos 64 contratados como entrevistadores sociais e que são responsáveis pelo Cadastro Único da Fasc.

O Repórter Popular já noticiou outros protestos de trabalhadores e trabalhadoras contratados pela Lazari em diversas cidades da região. Saiba mais clicando aqui.

O que dizem os trabalhadores e trabalhadoras?

“O processo de terceirização é justamente de desresponsabilização dos governantes, administradores, responsáveis pela execução dessa política pública na cidade de Porto Alegre. O nosso é um dos poucos estados do Brasil, se não o único, em que os entrevistadores sociais são terceirizados, então já temos uma noção de como era o plano dos administradores públicos para nós e para essas políticas que deveriam garantir direitos para toda a população”

“Essa situação não é de agora. Quando comecei a trabalhar, desde a capacitação já falavam que havia atrasos de salários de 5 a 10 dias; falavam que não receberíamos vale-alimentação e que atrasariam o vale-transporte. De um ano para cá, porém, foi se afunilando, se agravando de tal maneira que nos últimos seis meses nossos salários atrasavam cerca de 15 dias e o vale-transporte era pago mês sim, mês não”.

O que vem agora?

O ato terminou em frente à Prefeitura de Porto Alegre. Foi a forma de mostrar que o Poder Executivo também tem responsabilidade. A promessa é de novas manifestações e o Simpa se comprometeu em providenciar uma reunião com o Ministério Público do Trabalho.