Até a pé nós iremos

O ano de 1953 fora marcado, entre tantos fatos, por uma greve dos transportes na cidade de Porto Alegre. Em julho daquele ano, os transportadores de passageiros exigiam um aumento salarial, por conta da elevada inflação. Diversas empresas e linhas aderiram a paralisação, fazendo com que algumas localidades não fossem atendidas pelos ônibus e trens, e outras linhas ficassem super-lotadas. Uma das linhas que acabaram transportando mais do que o de comum, foi a linha Independência, que na época atendia as proximidades do Estádio da Baixada, primeira casa do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.

Na data de 21 de julho a baixada recebeu o jogo entre Grêmio e Cruzeiro, clássico citadino. Com a greve relatada previamente, alguns torcedores tiveram de ir caminhando para o estádio, inspirando assim, o compositor Lupicínio Rodrigues a escrever a lendária primeira estrofe do terceiro hino tricolor. O resultado terminou em uma vitória de 1×0 para o Grêmio que estava desfalcado de seu craque, Tesourinha.

Bandeira com o rosto do compositor Lupicínio Rodrigues.

Quanto ao hino, após a composição de Lupicínio Rodrigues, que o escreveu “sentado na Praça Garibaldi, tomando uma birita”, segundo o mesmo, e foi gravado pelo cantor Silvio Luis, foi ouvido pela primeira vez dia 16 de agosto do mesmo ano, em uma vitória tricolor sobre o Aimoré, sendo reproduzido pelos alto falantes do estádio.

Um fato interessante é que o último jogo do estádio Olímpico também ocorreu em um dia de greve dos transportes, em um Grenal, e, apesar deste fato, o público também não deixou de comparecer.

“Até a pé nós iremos

Para o que der e vier

Mas o certo e que nós estaremos

Com o Grêmio onde o Grêmio estiver…”

Movimento Grêmio Antifascista